Após cinco noites de observações com uma rede maciça de telescópios, astrônomos disseram na quarta-feira que podem ter tirado a primeira foto de um buraco negro.

Vai levar meses para a imagem ficar pronta, mas se os cientistas conseguirem, os resultados podem ajudar a resolver mistérios sobre a composição do universo e sobre como ele surgiu.

“Em vez de construir um telescópio tão grande que provavelmente desmoronaria sob seu próprio peso, combinamos oito observatórios como os pedaços de um espelho gigante”, disse o astrônomo Michael Bremer, gerente de projeto do Telescópio Event Horizon.

“Isso nos deu um telescópio virtual tão grande quanto a Terra – de cerca de 10 mil quilômetros de diâmetro”, disse à AFP.

Quanto maior o telescópio, melhor a resolução e o nível de detalhe.

O buraco negro supermaciço observado está escondido no centro da Via Láctea, numa região chamada constelação de Sagitário, a cerca de 26.000 anos-luz da Terra.

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A massa deste buraco negro gigante, apelidado Sagitário A*, é cerca de quatro milhões de vezes a do Sol.

Segundo a astronomia teórica, quando um buraco negro absorve matéria – planetas, detritos e qualquer coisa que chegue muito perto – um breve raio de luz fica visível.

Mais especificamente, os astrônomos esperam ter registrado imagens de uma região misteriosa em volta do buraco negro, chamada horizonte de eventos, um limite a partir do qual a força da gravidade é tão forte que nada, nem mesmo a luz, pode escapar.

A rede formada a partir do Telescópio Event Horizon foi projetada para detectar o raio de luz que surge quando um objeto desaparece além desse limite.

“Pela primeira vez em nossa história, temos a capacidade tecnológica de observar buracos negros em detalhe”, disse Bremer.

O telescópio virtual preparado é poderoso o suficiente para detectar uma bola de golfe na Lua, acrescentou.

O telescópio do IRAM, de 30 metros, localizado nas montanhas espanholas de Sierra Nevada, é o único observatório europeu a participar no esforço internacional.

Os outros telescópios que contribuem com o projeto incluem o Telescópio do Polo Sul, na Antártica, o Telescópio James Clerk Maxwell, no Havaí, e o Telescópio Cosmológico do Atacama, no deserto do norte do Chile.

Todos os dados – cerca de 500 terabytes por estação – serão coletados e transportados em aviões para o Observatório Haystack do MIT, em Massachusetts, onde serão processado por supercomputadores.

“As imagens surgirão à medida que combinarmos todos os dados”, explicou Bremer. “Mas vamos ter que esperar vários meses para chegar ao resultado”.


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