ROMA, 26 JAN (ANSA) – A União Astronômica Internacional (IAU) decidiu homenagear a senadora italiana Liliana Segre, batizando o asteroide 75190 com o seu nome. O número do corpo celeste é o mesmo tatuado no braço da sobrevivente do campo de extermínio nazista de Auschwitz.   

O asteroide está em órbita entre Marte e Júpiter e recebeu o nome “Segreliliana” após um pedido do Instituto Nacional de Astrofísica (INAF) de Trieste ser atendido pela IAU.   

A homenagem foi anunciada na abertura da conferência “Vivendo com Auschwitz – Violência e indiferença na regressão dos sapiens contemporâneos”, promovida pela Universidade de Trieste em parceria com o Instituto Italiano de Cultura de Berlim, por ocasião do Dia da Memória.   

Nascida em Milão, em 10 de setembro de 1930, Liliana Segre é de uma família laica judia e foi deportada para a Polônia em 30 de janeiro de 1944, com apenas 13 anos. Ela foi libertada em 1º de maio de 1945 pelo Exército soviético.   

“Que o meu nome e o número que cada um de nós foi reduzido em Auschwitz, traduzido em corpo celeste, sirvam de lembrete e aviso ‘que isto aconteceu’ e pode acontecer novamente sem informação, consciência e responsabilidade”, disse a italiana em mensagem ao evento.   

Segre afirmou que tentará “explorar a relevância pública de um acontecimento único como este” para atualizar e difundir ainda melhor sua “mensagem de testemunho e memória, mas também de fraternidade e paz”.   

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Durante sua mensagem, a senadora vitalícia lembrou que o tema do evento, que conta com Gianni Peteani, um dos apoiadores da iniciativa sobre o “batizado” do asteroide, entre os organizadores, “não é apenas contemporâneo, de hoje, é um problema e um risco de todos os tempos para a humanidade, certamente para todo o século 20”.   

Ela ressaltou ainda que aquele século de totalitarismo e mal absoluto muitas vezes gera, por reação, uma repulsão, repressão e atitudes para minimizar e até mesmo negar o Holocausto.   

Por fim, ao fazer referência ao título da conferência, a sobrevivente de Auschwitz destacou que “indiferença” sempre foi sua palavra-chave e que ela “pediu que fosse escrita em letras maiúsculas no Binário 21, Memorial da Shoah [Holocausto] da estação de Milão.   

Asteroide – O asteroide escolhido – descoberto no final dos anos 1990 – tem um diâmetro de 1.498 metros e um período de revolução de 3,74 anos.   

“Um asteroide é um corpo celeste que reflete a luz do Sol. É, portanto, um reconhecimento muito apropriado para aqueles que, com seu testemunho comovente, conseguiram refletir a luz de todos os inocentes que foram extintos pela loucura humana”, concluiu Ewine van Dishoeck, presidente da IAU. (ANSA)


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