MILÃO, 27 JUN (ANSA) – O asteroide Bennu pode ser fragmento de um antigo mundo oceânico.   

É o que apontam as análises publicadas na revista Meteoritics & Planetary Science por um grupo de investigação internacional que inclui pesquisadores do Instituto Nacional de Astrofísica da Itália (Inaf) e da Agência Espacial Italiana (ASI).   

O principal indicativo de que o Bennu continha muita água é a descoberta inesperada da presença de fosfato de magnésio-sódio na amostra coletada no asteroide e trazida à Terra em setembro passado pela missão Osiris-Rex, da Nasa.   

O material também é rico em carbono e nitrogênio, compostos orgânicos essenciais à vida.   

Dominada por minerais argilosos, como a serpentina, a amostra é semelhante ao tipo de rocha encontrado nas dorsais meso-oceânicas da Terra, onde o material do manto (a camada imediatamente abaixo da crosta terrestre) encontra a água.   

Essa interação não só resulta na formação de argila, mas também dá origem a uma variedade de minerais como carbonatos, óxidos de ferro e sulfetos de ferro.   

A descoberta mais inesperada nas primeiras análises, contudo, é a presença de fosfatos solúveis em água, que são “blocos de construção” da vida tal como a conhecemos na Terra. Esses elementos também foram encontrados em grãos do asteroide Ryugu trazidos ao planeta em 2020 pela missão Hayabusa2, da agência espacial japonesa, mas o fosfato de magnésio-sódio detectado no Bennu se destaca pelo tamanho de seus grãos, inédito em qualquer amostra de meteorito.   

“A presença e o estado dos fosfatos, juntamente com outros elementos e compostos no Bennu, sugerem a presença de água na história do asteroide”, diz Dante Lauretta, da Universidade do Arizona, em Tucson, primeiro coautor do artigo e responsável científico da missão Osiris-Rex. “O Bennu pode potencialmente ter feito parte de um mundo mais úmido. No entanto, essa hipótese requer uma investigação mais aprofundada”, acrescentou.   

Cientistas acreditam que o asteroide seja remanescente do processo de formação do Sistema Solar e pode ajudar a entender como compostos orgânicos necessários à vida como a conhecemos chegaram à Terra. (ANSA).