Asteroide Bennu contém açúcares essenciais à vida, diz estudo

MILÃO, 3 DEZ (ANSA) – O asteroide Bennu contém açúcares essenciais à vida, uma substância elástica nunca antes observada em rochas espaciais e uma abundância inesperada de poeira produzida por explosões de supernovas.   

É o que apontam novas análises realizadas em amostras trazidas à Terra em 2023 pela missão Osiris-Rex, da Nasa, cujos resultados foram publicados em três artigos nas revistas Nature Geoscience e Nature Astronomy.   

O primeiro estudo, publicado na Nature Geoscience por pesquisadores da Universidade de Tohoku, no Japão, detectou a presença de moléculas de ribose, o açúcar de cinco carbonos que compõe o RNA, bem como glicose, de seis carbonos, nunca antes detectada em uma amostra extraterrestre.   

Embora esses açúcares não sejam evidência de vida, sua detecção (juntamente com descobertas anteriores de aminoácidos, nucleobases e ácidos carboxílicos em amostras do Bennu) mostra que os componentes básicos de moléculas biológicas já foram amplamente difundidos no Sistema Solar.   

“A nova descoberta da ribose significa que todos os componentes que formam a molécula de RNA estão presentes em Bennu”, afirma o líder do estudo, Yoshihiro Furukawa. Os pesquisadores acreditam que a presença de ribose e a ausência de desoxirribose (açúcar de cinco carbonos que compõe o DNA) corroboram a hipótese do “mundo do RNA”, que postula que as primeiras formas de vida na Terra dependiam do RNA, e não do DNA.   

A descoberta da glicose também representa a primeira evidência de que uma importante fonte de energia para a vida como a conhecemos estava presente no início do Sistema Solar.   

Já o segundo artigo, publicado na Nature Astronomy pelo Centro de Pesquisa Ames, da Nasa, e pela Universidade da Califórnia, revela a presença no Bennu de um material elástico nunca antes observado em rochas espaciais, composto por moléculas complexas que podem ter ajudado a dar origem à vida na Terra.   

A substância pode ter se formado no início do Sistema Solar, com o aquecimento do jovem asteroide “pai” do Bennu.   

Por fim, o terceiro estudo, publicado na Nature Astronomy pelo Centro Espacial Johnson, também da Nasa, demonstra que amostras do corpo celeste contêm seis vezes mais poeira de supernova do que qualquer outro material estudado até agora, sugerindo que o corpo progenitor do asteroide se formou em uma região de disco protoplanetário enriquecida por poeira de estrelas moribundas.   

Cientistas acreditam que o asteroide seja remanescente do processo de formação do Sistema Solar e pode ajudar a entender como compostos orgânicos necessários à vida como a conhecemos chegaram à Terra. (ANSA).