14/09/2023 - 18:55
Associações de defesa da igualdade racial se mobilizaram para pressionar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva com o objetivo de que ele nomeie, pela primeira vez na história, uma mulher negra como ministra do Supremo Tribunal Federal.
No início desta semana, um dos famosos telões luminosos da Times Square, em Nova York, exibiu repetidamente um anúncio publicitário pedindo essa indicação.
A iniciativa foi idealizada pelo coletivo de advogados Instituto de Defesa da População Negra (IDPN) e pela Coalizão Negra por Direitos.
Em entrevista à AFP nesta quinta-feira (14), Karen Custódio, advogada do IDPN, considerou inaceitável o fato de que não há mulheres negras no Supremo.
“Vimos ainda que tivesse um governo progressista, não foi dito em nenhum momento a cogitação de se ter uma ministra negra para o cargo de uma mulher, a Rosa Weber. Em momento algum houve essa sinalização. Por isso precisamos pressionar para que isso mude”, afirmou.
Em outubro, Lula poderá indicar um novo ministro com a aposentadoria de Rosa Weber, de 74 anos, atual presidente do STF.
Contudo, segundo a imprensa brasileira, os dois favoritos para a cadeira que ficará vaga são homens brancos.
No vídeo exibido na Times Square, uma menina negra afirma que poderia ser uma cantora, escritora ou ginasta, seguindo o exemplo de outras personalidades negras do Brasil.
No entanto, quando sua mãe lhe sugere que também poderia ser ministra do Supremo, a pequena responde que ninguém com sua aparência já ocupou esse cargo.
Também foram colocados cartazes pedindo a indicação de uma mulher negra para o STF em painéis publicitários de Nova Délhi, na Índia, onde Lula esteve recentemente para a reunião do G20.
Além disso, um coletivo de 24 artistas desenhou cartazes que foram espalhados pelas principais cidades brasileiras nos últimos dias.
Em 132 anos, apenas três homens negros fizeram parte do STF, que tem apenas juízes brancos atualmente, entre eles, duas mulheres de um total de 11 cadeiras.
Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 56% dos 203 milhões de brasileiros são negros e pardos.
Embora as mulheres negras representem mais de um quarto da população total, apenas são 7% dos juízes de primeira instância e 2% dos desembargadores, segundo dados do Conselho Nacional de Justiça.
Por sua vez, a Rede de Advogados Indígenas da Amazônia defende a indicação de Joenia Wapichana, primeira advogada indígena do país, atual presidente da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) e ex-deputada federal.
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