A Associação dos Funcionários do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (AFBNDES) convocou para quinta-feira, 6, assembleia geral extraordinária para debater a posição do corpo funcional da instituição de fomento sobre a mudança nos juros cobrados em suas operações. Em nota, a AFBNDES criticou as mudanças, anunciadas pelo governo federal na sexta-feira, porque tirariam instrumentos para o BNDES atuar como banco de fomento.

Como antecipou o Broadcast (serviço de notícias em tempo real do Grupo Estado) em dezembro, a Taxa de Longo Prazo (TLP), que substituirá a Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP) nas operações firmadas a partir de janeiro de 2018 será calculada com base nas NTN-Bs, títulos públicos atrelados à inflação.

Para a AFBNDES, a mudança “tem o potencial de inviabilizar a atuação do BNDES como um banco de desenvolvimento que precisa de instrumentos adequados para cumprir a sua missão de promover os investimentos de longo prazo e oferecer competitividade ao setor produtivo brasileiro”.

A associação critica ainda a forma como as discussões sobre a metodologia de cálculo dos juros do BNDES foi conduzida. Para a AFBNDES, faltou debate. “Da forma como está sendo conduzido, não podemos chegar a outra conclusão a não ser a de que as medidas em curso significam o desmonte do BNDES”, diz a nota, que foi distribuída internamente a todos os funcionários do banco na terça-feira.

Na visão da AFBNDES, “o Brasil precisa de um banco de desenvolvimento forte e atuante”. “Não é do interesse da economia e da sociedade brasileiras a sua transformação em um ‘banco de tamborete’ qualquer e sem relevância”, diz a nota.

No último dia 17, a associação dos funcionários organizou um seminário sobre as mudanças na TJLP que vinham sendo estudas pela equipe econômica. O evento teve palestras dos professores de economia Fernando Nogueira da Costa, da Unicamp, e Ernani Torres Teixeira Filho, da UFRJ, críticos às propostas do governo.

Também fizeram discursos de políticos, como os senadores Lindbergh Farias (PT-RJ) e Gleisi Hoffmann (PT-SC) e os deputados federais Chico Alencar (PSOL-RJ) e Alessandro Molon (Rede-RJ).