Para o presidente da Assembleia Geral da ONU, o maldivo Abdulla Shahid, a sessão anual que acaba nesta segunda-feira (27) evidenciou preocupações semelhantes dos líderes do planeta em meio a uma desconfiança persistente.

A diplomacia ganha enormemente com o retorno à modalidade presencial, em Nova York, estimou Shahid, em uma entrevista à AFP, na qual afirmou que todos respeitaram estritamente as medidas impostas para evitar um foco de contágio de covid-19.

Pergunta: Falta de liderança no mundo, falta de confiança conforme demonstrada pela crise entre França e Estados Unidos. Houve alguma vontade de reverter essa tendência?

Resposta: “Entendo suas preocupações sobre uma falta de confiança no cenário internacional. Após as declarações e compromissos dos líderes, depois das minhas dezenas de reuniões bilaterais, cheguei à conclusão de que todos compartilham as mesmas preocupações e desejam o mesmo resultado.

Quanto à igualdade das vacinas, constatei uma forte vontade dos Estados-membros para resolverem o problema. Estão dispostos a se comprometerem a entregar recursos e vacinas para garantir que o mundo esteja vacinado o mais rápido possível”.

P: Quais progressos obtidos, graças ao reencontro presencial das delegações dos 193 membros da ONU, você observou nos casos tratados?

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R: “O número elevado de participações presenciais, a confiança no aumento da vacinação e o respeito às medidas de proteção são uma indicação clara dos líderes mundiais de que é possível voltar a uma diplomacia normal.

Após 18 meses de reuniões virtuais, é claro que a diplomacia se beneficia amplamente da criatividade, da troca de ideias, das discussões e da flexibilidade que acompanham as reuniões presenciais. O mundo virtual é um excelente mecanismo para trazer o mundo até a ONU, mas as negociações políticas podem ser sustentadas apenas por (meio de) reuniões presenciais”.

P: Neste ano, foram impostas medidas rigorosas por conta da pandemia – uso de máscara, distanciamento social, sete pessoas por delegação… Dois casos de covid-19 foram registrados na delegação brasileira (outros dois casos foram anunciados depois da entrevista). Há outros?

R: “As medidas impostas pela diretoria foram rigorosamente respeitadas pelas delegações. Estou satisfeito que todos tenham compreendido o quão importante era alcançar um evento bem-sucedido com muito mais pessoas que no ano passado.

A aproximação híbrida (aqueles que quisessem, podiam se expressar por vídeo pré-gravado) também nos ajudou a obtermos a participação de todas as delegações, inclusive aquelas que não puderam ir a Nova York por questões de quarentena, ou outros motivos.

A forte participação é um sinal de que estamos prontos para voltarmos à normalidade. Esperamos que este sucesso nos dê a confiança necessária para organizarmos mais reuniões presenciais no ano que vem”.


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