WASHINGTON, 23 DEZ (ANSA) – Uma tentativa de envenenamento em 2015 contra um proprietário de uma fábrica de armas na Bulgária serviu como pista para desvendar uma campanha do Kremlin para eliminar inimigos da Rússia, informaram autoridades ocidentais de inteligência.
Em outubro, o jornal “New York Times” havia relatado a existência de uma rede de agentes especiais russos, chamado de Unidade 29155, que é acusado de ter cometido assassinatos, incluindo a tentativa de envenenamento do ex-espião Serghei Skripal e de sua filha, Yulia, em Salisbury, na Inglaterra.
O jornal norte-americano informou que autoridades na Europa e nos EUA descobriram a unidade graças ao caso de uma tentativa de envenamento do bulgaro Emilian Gebrev, que vendia munições para a Ucrânia.
Na ocasião, um agente russo, que tinha o pseudônimo de Serghei Fedotov, envenenou a maçaneta do carro de Gebrev, que começou a alucinar e vomitar horas depois em uma reunião com empresários.
Atualmente com 65 anos, o búlgaro ficou internado por um mês.
Além de ter tido seu filho também envenenado, o próprio Gebrev sofeu uma segunda tentativa de envenenamento, desta vez em sua casa de verão no Mar Negro. No entanto, ambos sobreviveram.
As autoridades não informaram a razão de Gebrev ter sido alvo dos agentes russos, mas desconfiam que os negócios do búlgaro incomodovam o Kremlin, já que o empresário fornecia armas para a Ucrânia.
O caso Gebrev talvez jamais teria sido descoberto, até acontecer o envenamento de Skripal. Promotores do Reino Unido culparam o Departamento Central de Inteligência da Rússia (GRU) e durante as investigações o nome de Fedotov apareceu como um dos líderes da tentativa de assassinato do ex-espião.
As autoridades ainda viram que o agente esteve em 2015 na Bulgária, na mesma época do envenenamento de Gebrev. O homem foi identificado como Denis Sergeev, oficial do alto escação da GRU e veterano de guerras na Chechênia, concluindo que o ataque fez parte de uma campanha da Unidade 29155.
Após a primeiras revelações, outras atividades do grupo surgiram na França e na Espanha, o último país em que um alto tribunal criminal está investigando se Sergeev e outros agentes russos podem ter desempenhado um papel nos protestos que desestabilizaram a Catalunha em outubro de 2017.
Documentos de viagem apontam que o oficial chegou a Barcelona alguns dias antes da região realizar o referendo da independência.(ANSA)