PEQUIM, 10 JUL (ANSA) – Tetsuya Yamagami, o ex-militar que matou o ex-primeiro-ministro do Japão Shinzo Abe, disse à polícia que queria construir uma bomba caseira.   

A informação foi publicada pela agência de notícias Kyodo, que cita “fontes investigativas”. Yamagami, 41 anos, usou uma arma artesanal no atentado contra Abe, e a polícia encontrou outros artefatos similares em sua casa na cidade de Nara.   

Em seu depoimento, o agressor revelou que também tentou fazer uma bomba, mas sem explicar qual seria a finalidade.   

O ex-militar das Forças de Autodefesa do Japão ainda negou motivações políticas em seu ato e disse que Abe era ligado a uma suposta “organização religiosa” para a qual sua mãe havia feito uma “grande doação”, causando problemas financeiros à família.   

Ainda de acordo com a Kyodo, Yamagami contou que inicialmente planejava atacar um “dirigente” desse grupo, mas depois mudou de ideia e decidiu matar Abe, que participava de um comício em Nara na última sexta-feira (8).   

A polícia não divulgou detalhes sobre qual seria essa suposta organização religiosa.   

O ataque – Abe foi baleado pelas costas enquanto discursava no comício de um aliado que disputa as eleições legislativas deste domingo (10).   

Socorrido imediatamente e levado a um hospital, o ex-premiê não resistiu a uma grave hemorragia interna e teve a morte confirmada horas depois.   

O corpo do ex-primeiro-ministro já foi restituído para a família em Tóquio, e o funeral está previsto para a próxima terça (12), após uma vigília marcada para esta segunda-feira (11).   

Shinzo Abe foi o premiê mais longevo na história do Japão e governou o país em duas ocasiões: primeiro entre setembro de 2006 e setembro de 2007 e depois entre dezembro de 2012 e setembro de 2020, quando renunciou repentinamente por motivos de saúde.   

Em seu período no poder, defendeu o aumento dos investimentos em defesa, rompendo com a tradição pacifista do Japão no pós-guerra, e implantou uma cartilha econômica apelidada de “Abenomics”, com políticas monetárias expansionistas e reformas estruturais. (ANSA).