Faixas com o rosto sorridente do candidato à Presidência do Equador Fernando Villavicencio ainda estão penduradas no local do seu último comício, no norte de Quito.

Um buquê de rosas brancas e, a poucos passos dali, algumas manchas de sangue denunciam a tragédia. Uma mulher de bicicleta para e deixa uma placa escrita à mão: “Narcopolíticos malditos, pagarão”.

“Vejo um futuro sombrio. São todos mornos, incluindo o presidente Guillermo Lasso, que nos decepcionou”, disse à AFP a mulher, que não quis ser identificada. Antes de deixar o local, ela acende duas velas na calçada, em memória de Villavicencio, ex-jornalista de centro que estava em segundo lugar nas pesquisas de opinião.

Lasso responsabilizou o crime organizado pelo atentado e decretou estado de exceção por 60 dias no país, que sangra devido à violência ligada ao narcotráfico. Apesar do crime, a mais alta autoridade eleitoral decidiu manter a data das eleições.

– Aumento da violência –

“Precisamos ver o nosso Equador tranquilo, sentir segurança onde estamos, o que, infelizmente, perdeu-se. A morte desse candidato mostra que a situação no país não é das melhores”, disse à AFP a funcionária do setor privado Daniela Pozo, 25.

Na loja de uma comerciante da área onde ocorreu o crime, refugiaram-se alguns apoiadores de Villavicencio, que começaram a chorar. “Estamos com medo. De manhã, as ruas vizinhas ao local do crime estavam fechadas”, contou a comerciante, que também não quis ser identificada.

A percepção do medo não é nova. Antes um oásis de paz na América do Sul, o Equador enfrenta há alguns anos o aumento do tráfico de drogas e dos homicídios, roubos, sequestros e extorsões. O país encerrou 2022 com uma taxa de 25 homicídios a cada 100 mil habitantes, quase o dobro de 2021.

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