16/12/2024 - 11:43
O presidente deposto Bashar al-Assad afirmou nesta segunda-feira que não fugiu de maneira premeditada da Síria no dia em que os rebeldes tomaram a capital Damasco e disse que a Rússia pediu sua saída de uma base militar sob ataque, em sua primeira declaração após o fim de seu regime.
Uma aliança de insurgentes liderada pelo grupo islamista sunita Hayat Tahrir al Sham (HTS) iniciou uma operação relâmpago em 27 de novembro a partir de seu reduto de Idlib, no norte da Síria, e tomou Damasco em 8 de dezembro.
“Minha saída da Síria não foi planejada, nem aconteceu durante as últimas horas da batalha, ao contrário de certas afirmações”, declarou Assad em um comunicado divulgado pelo Telegram.
“Pelo contrário, fiquei em Damasco, cumprindo meu dever até a madrugada de domingo, 8 de dezembro”, disse.
Assad explicou que, diante do avanço dos insurgentes em direção a Damasco, ele viajou para Latakia, na costa do Mediterrâneo, “em coordenação” com a Rússia, um de seus aliados no conflito, para “supervisionar as operações de combate”.
“Quando a base russa de Khmeimim, onde estava refugiado, foi bombardeada por drones, Moscou pediu (…) uma saída imediata para a Rússia em 8 de dezembro”.
Cinco ex-funcionários do governo afirmaram à AFP que, horas antes da tomada de Damasco pelas forças rebeldes e da queda do governo Assad, o ex-presidente sírio já estava fora do país.
Assad chama de “terrorista” qualquer grupo de oposição. A organização HTS tem um passado jihadista, pois tem raízes no antigo braço da Al Qaeda na Síria, a Frente Al Nusra.
A organização rompeu com a Al Nusra em 2016 e suavizou sua imagem, mas ainda é classificada como grupo terrorista pelos Estados Unidos e por outros governos ocidentais.
“Quando o Estado cai nas mãos do terrorismo e se perde a capacidade de fazer uma contribuição significativa, qualquer cargo fica vazio de propósito”, acrescentou o autocrata deposto.
A guerra civil na Síria começou em 2011, quando o governo Assad reprimiu de maneira violenta uma onda de protestos pacíficos. O conflito deixou mais de meio milhão de mortos e forçou milhões de pessoas a abandonarem suas casas.
Assad estava no poder desde 2000, quando sucedeu o pai Havez.
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