SÃO PAULO, 10 JUL (ANSA) – Um relatório divulgado pelo Instituto Superior de Saúde (ISS), órgão ligado ao governo da Itália, mostrou que cerca de 41% das mortes nos asilos para idosos no país podem ter sido causadas pelo novo coronavírus (Sars-CoV-2).   

Os questionários foram enviados para os três tipos de estrutura que existem no país: Residências Sanitárias Assistenciais (RSAs), que atendem pessoas que não são autossuficientes e que têm necessidades de saúde específicas; as Casas de Repouso, destinadas a quem consegue se manter financeiramente; e as Residências Sociossanitárias Assistenciais para Idosos (RSSAs), que cuidam de pessoas acima dos 64 anos com graves doenças mentais e físicas ou que não conseguem viver de maneira autônoma.   

Segundo o ISS, são 3.417 estruturas ao todo na Itália e 1.356 responderam o levantamento, que compreendeu o período entre 1º de fevereiro e 5 de abril, momento em que o país enfrentou o ápice da pandemia de Covid-19.   

Apesar de contabilizar os dados de apenas 41,3% dos asilos, a maior parte das respostas veio das regiões mais afetadas pela pandemia, como Lombardia, Piemonte, Toscana, Vêneto e Emilia-Romagna.   

Essas entidades tinham 97.521 residentes durante o estudo, com uma média de 72 moradores por estrutura. Durante o período analisado, foram contabilizados 9.154 óbitos, e 680 tiveram o diagnóstico confirmado para o novo coronavírus, ou seja, 7,4% do total.   

Porém em outros 3.092 (33,8%) não foram realizados os exames para Covid-19, embora as vítimas apresentassem sintomas relacionados à Covid-19. Com isso, o total potencial de falecimentos ligados ao novo coronavírus seria de 3.772.   

O maior número de mortes foi registrado na Lombardia, a região com mais casos e vítimas em todo o país. A localidade contabilizou 3.793 mortes em asilos, com 281 confirmados para coronavírus (7,4% do total na região) e 1.807 suspeitas (47,6%).   

No Piemonte, foram 1.658 óbitos, com 161 positivos (9,7%) e 410 com sintomas (24,7%), e no Vêneto ocorreram 1.136 mortes, com 38 confirmadas (3,3%) e 180 com sintomas (15,8%).   

Com exceção de Friuli Veneza Giulia, Molise e Calábria, que tiveram o pico de falecimentos entre 1º e 15 de março, as unidades que participaram do estudo relataram que o maior número de mortes ocorreu entre os dias 16 e 31 daquele mês.   

No entanto, 1.762 óbitos não foram contabilizados porque a obrigação de informar as mortes semanalmente entrou em vigor apenas no dia 30 de março. Desde o início da pandemia, a Itália registra 34.938 mortes pela Covid-19, com 242.639 casos confirmados, segundo dados do Ministério da Saúde. Ou seja, mais de 10% das mortes podem ter ocorrido em asilos.   

Contaminados e estrutura: O levantamento mostrou que, no período analisado, 5.292 hóspedes de asilos foram internados em hospitais, sendo a maior parte nas regiões mais afetadas (Piemonte, com 1.048, Vêneto, com 933, Toscana, com 732, e Lombardia, com 719). Destes, 362 deram positivo para a doença, e 2.021 tinham sintomas similares, mas não foram testados. Outro dado relevante é que 21,1% dos centros informaram que tiveram ao menos um caso de contágio entre os funcionários, mas esse número aumenta consideravelmente em algumas regiões, como Bolzano (50%), Trento (46,7%) e Lombardia (40%).   

Dificuldades – Questionados sobre os principais problemas enfrentados na pandemia, os gestores dos asilos apontaram mais de um fator. Porém mais de 77% relataram que a principal dificuldade encontrada para enfrentar a crise foi a falta de equipamentos de proteção individual. Quase 34% deles também relataram falta de equipes sanitárias, e 26,2% pontuaram que tinham dificuldades para isolar pessoas infectadas. Para 20,9%, o maior problema foi a ausência de informação clara sobre como evitar a propagação da doença, e 9,8% alertaram para a falta de medicamentos.   

Conversas com familiares – Com exceção de uma RSA, todas as outras estruturas informaram que proibiram a visita de familiares antes mesmo da aplicação do decreto nacional. Elas disseram ter permitido encontros raríssimos, apenas em casos de uma “grave piora das condições de saúde do residente ou em fase terminal”. No entanto, com exceção de seis unidades, todas as outras criaram novas formas de se comunicar com os parentes, através de telefonemas e chamadas de vídeo. (ANSA)