Se há um animal que representa o espírito da liberdade nos EUA é a águia-de-cabeça-branca, também conhecida como “‘águia careca” (bald eagle). A ameaça de extinção está afastada, segundo o Serviço de Pesca e Vida Selvagem norte-americano. O relatório divulgado agora registra um crescimento populacional acima de 300 mil aves, com mais de 71 mil ninhos cadastrados na temporada de reprodução. Presente em documentos oficiais como moedas, bandeiras e prédios públicos, a espécie representa um avanço extraordinário na preservação da natureza.

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A interferência humana quase causou a extinção da espécie. Na década de 1970, a quantidade de águias diminuiu até chegar ao perigoso número de apenas 417 ninhos conhecidos. A águia americana escolhe para viver geralmente locais próximos a rios e lagos, pois se alimenta principalmente de peixes. Muitos desses lugares estavam contaminados por pesticidas usados pelo setor agrícola, resíduos químicos que matam os peixes e deixam a casca do ovo do animal fraco, o que compromete sua reprodução. Apesar de punições pesadas, inclusive com prisão, a águia ainda é objeto de desejo de caçadores.

A ação humana foi necessária para reverter os danos químicos e os perigos da caça. Os animais passaram a ser mantidos em cativeiro para que a espécie fosse protegida. Por se tratar de um ícone federal dos EUA, o caso motivou a criação da Lei de Espécies Ameaçadas, em 1973, além de outras normas de proteção da fauna. A partir daí, o trabalho de fiscalização governamental e a ação de ONGs de proteção à natureza foram fundamentais para a elevação do número de águias e ninhos. Para Guilherme Augusto Marietto Gonçalves, veterinário e especialista em medicina aviária, esses números representam um sucesso maravilhoso. Até porque, mesmo quando estão juntos, a fêmea e o macho podem demorar meses para se reproduzir. “Como são monogâmicos, o pareamento entre eles é para a vida toda”, afirma o veterinário. Guilherme explica que aves rapinantes, de uma forma geral, colocam de 2 a 4 ovos e, dessa quantidade, somente um filhote, em média, chega a fase juvenil. E entre eles, em média, apenas um quinto chega a idade adulta. A esperança agora, não apenas para os americanos, mas para todos que valorizam a natureza, é que a águia americana vai voltar a reinar nos céus.

Moedas e bandeiras

A águia é uma ave imponente, que voa alto, inspira respeito, reflete força e coragem. Por essas qualidades, em 20 de junho de 1782, o animal foi escolhido para ser o símbolo de uma nação que acabava de nascer após um corajoso confronto pela independência contra a Inglaterra: os Estados Unidos da América.