João Doria vai mostrar na campanha para presidente que as marcas conquistadas por seu governo em São Paulo deverão ser reproduzidas por ele na condução da economia brasileira a partir de 2023. O tucano demonstrará que o trabalho de gestão eficiente proporcionou ganhos extraordinários para a economia paulista, com taxa de crescimento superior à brasileira e atração recorde de investimentos, com os quais foi possível responder às demandas sociais e reduzir o desemprego, por exemplo. As vitrines de Doria serão apresentadas por Henrique Meirelles, secretário da Fazenda, que contará com uma equipe de mulheres de primeira linha: Vanessa Canado, ex-assessora do Ministério da Economia; Ana Carla Abrão, ex-secretária da Fazenda de Goiás; e Zeina Latif, ex-economista-chefe da XP.

Investimento

O destaque será a recuperação da capacidade de investimentos do estado, muito superior à do Brasil. São Paulo conseguiu atrair investimentos privados no valor de R$ 189 bilhões, além dos R$ 50 bilhões do governo estadual com o ajuste fiscal
nas contas públicas: 8 mil novas obras estão em andamento, com a geração de 220 mil empregos.

Crescimento

Em decorrência do enxugamento da máquina pública (com o fechamento de estatais inoperantes, concessões e PPPs), o governo paulista teve um desempenho superior ao obtido pelo governo federal. Em 2020, o PIB do Brasil caiu 4,10%, enquanto o de São Paulo cresceu 0,40%. Em 2021, o PIB de Guedes subirá 4,5%, enquanto o de Meirelles aumentará 6,4%.

O ministro do atraso econômico

Pedro Ladeira

Os petistas começam a sair das tocas em que se enfiaram desde que os principais líderes do partido foram presos por corrupção. Esse é o caso de Guido Mantega, ex-ministro de Lula e Dilma. Credenciando-se para ter voz ativa na campanha de Lula, ele escreve artigos em que defende o fim do teto de gastos, o enterro das privatizações e a garantia da volta das empresas campeãs, com juros subsidiados.

Retrato falado

“Lula não pode fazer alianças a qualquer preço” (Crédito: Eduardo Anizelli)

Apesar de defender a união das esquerdas em torno de Lula, a deputada Luiza Erundina ressalva que o petista não pode fazer alianças a qualquer preço, como é o caso da união com o ex-governador Geraldo Alckmin (ex-PSDB). A ex-prefeita de São Paulo critica ainda a falta de propostas do petista para recuperar a economia. “Não vi até agora nenhuma discussão sobre o que ele pretende fazer com a economia ou a respeito da necessária austeridade fiscal imposta pelo teto de gastos.”

Turbulências eleitorais

Em ano eleitoral, o clima é tradicionalmente conturbado. Quando se tem um quadro de polarização como o atual, em que os dois populistas estão à frente nas pesquisas, é de se imaginar que a beligerância entre petistas e bolsonaristas eleve a disputa eleitoral para algo parecido com briga de rua, ataques mútuos e sujos na Internet, fake news criminosas etc. O pior, contudo, serão as inquietações no mercado financeiro. A disputa eleitoral nos levará a situações perturbadoras na economia. Já se fala que o dólar chegará a R$ 6, que a inflação continuará subindo acima de dois dígitos e, por isso, será indispensável que Roberto Campos Neto continue mantendo os juros altos.

Juros nas nuvens

O próprio BC já anunciou que a próxima reunião do Copom subirá a Selic em mais 1,5%, com a taxa básica de juros crescendo para 10,75%. A tendência é dos juros atingirem 12,56%, mas fechando 2022 em 11,25%. O resultado é o que todos já sabem: queda do PIB, desemprego e risco de convulsões sociais.

Salto alto

A 10 meses das eleições, o PT dá como certa a vitória de Lula para presidente. Tanto que, em recente reunião do Diretório Nacional, os dirigentes lulistas começaram a traçar estratégias para o novo governo. Nomes para a composição da equipe estão até vazando: os governadores do Piauí, Wellington Dias, e do Ceará, Camilo Santana, estão cotados.

Zanone Fraissat

Repetindo 1994

Dias está sendo cogitado para a Casa Civil e Santana, para o Ministério da Educação. Antes, porém, os dois serão submetidos ao veredicto popular, como candidatos ao Senado. O PT está agindo agora como agiu em 1994. Naquele ano, Lula estava “eleito” e Fernando Henrique Cardoso tinha apenas 2%, mas ele fez o Real e venceu o petista de virada.

André Mendonça entre a cruz e a espada

A nova composição do STF, com André Mendonça no colegiado, poderá sinalizar se Bolsonaro terá mais ou menos força na Corte. O novo ministro assumirá sua cadeira no tribunal no dia 1º de fevereiro e já no dia seguinte decidirá se os policiais podem ou não realizar operações nas favelas. No dia 17, sua fidelidade estará à prova: decidirá se a rachadinha é crime ou não.

Toma lá dá cá

Margarete Coelho, deputada do PP-PI (Crédito:Pedro Ladeira)

Como relatora do novo Código Eleitoral, o que achou de Bolsonaro sancionar a volta da propaganda eleitoral?
Ao vetar os artigos que estabeleciam que as emissoras teriam direito à compensação fiscal, Bolsonaro pode inviabilizar a nova regra, visto que, como são pessoas jurídicas, não poderão doar o espaço.

O que acha das reclamações de parlamentares sobre a atuação da ministra Flávia Arruda?
O cargo exige um diálogo constante. É comum, às vezes, surgirem divergências. Fazem parte do processo democrático.

Qual sua opinião sobre o PP apoiar diferentes pré-candidatos à Presidência?
O nosso sistema partidário tem essa característica: manter a autonomia de seus órgãos estaduais e municipais.

Rápidas

* O governador do Acre, Gladson Cameli, está encrencado. É acusado de corrupção na contratação de empresas no setor de Saúde. Segundo a PF, ele lavou dinheiro por meio de seu pai, Eládio. No primeiro ano de seu governo (2019), o pai recebeu depósitos de R$ 420 milhões.

* Apesar de Ana Arraes se aposentar no TCU somente em julho, a guerra pela vaga já está aberta na Câmara (o posto desta vez caberá a um deputado). O deputado Jhonatan de Jesus, da Igreja Universal, é o mais cotado.

* O Brasil quase perdeu o direito de ter assento como membro não permanente no Conselho de Segurança na ONU por estar inadimplente com suas obrigações na entidade. Guedes pagou R$ 3,64 bilhões da dívida no apagar das luzes.

Quando o Congresso aprovou a verba de
R$ 4,9 bilhões para o fundo eleitoral, nenhum partido da direita ou da esquerda protestou contra a excrescência: o PSL ficará com R$ 604 milhões e o PT com R$ 594 milhões.