29/04/2019 - 11:10
Com uma vitória nas legislativas, mas sem maioria para governar, o socialista Pedro Sánchez se verá obrigado a forjar alianças para continuar no poder. Estas são suas três principais opções:
– Governo minoritário –
Ele poderá continuar governando em uma minoria com 123 assentos em comparação com os 85 durante seus primeiros dez meses no poder, negociando apoio para cada iniciativa no Parlamento. “Vamos tentar”, disse neste segunda-feira, a número dois do governo, Carmen Calvo.
Sánchez deverá abrir seu governo para a esquerda radical do Podemos (42 cadeiras), que já anunciou que quer entrar no governo para garantir sua agenda social. Juntos, eles são 11 assentos da maioria absoluta de 176 dos 350 deputados necessários para governar.
O apoio de uma série de partidos regionalistas, entre eles os nacionalistas bascos do PNV (seis cadeiras), permitiria aos socialistas reunir 175.
Esses números são suficientes para que Sánchez permaneça como presidente do governo com a abstenção de uma parte dos separatistas catalães em um segundo voto de maioria simples.
Desta maneira, ele evitaria o apoio aberto dos separatistas catalães, salvando-se das críticas da direita que o acusa de ser seu “refém” nos últimos meses.
– Com os separatistas catalães –
Para Sánchez, os separatistas catalães, que ganharam terreno passando de 17 para 22 assentos, “não são confiáveis”.
Depois de terem votado junto com o Podemos e o PNV, em junho, a moção de censura no Parlamento que levou Sánchez ao poder, eles precipitaram o fim da legislatura, recusando-se a apoiar seu orçamento.
Uma aliança com o Podemos e com a Esquerda Republicana da Catalunha (ERC, 15 cadeiras), a mais moderada das legendas separatistas catalãs, garantiria a Sánchez uma maioria líquida de 180 deputados.
O líder da ERC, Oriol Junqueras, não fixou nenhuma “linha vermelha” para um eventual apoio a Sánchez.
Os separatistas catalães continuam exigindo, porém, um referendo de autodeterminação que Sánchez rejeita. E essa maioria poderá implodir se os líderes separatistas, entre eles Junqueras, atualmente julgado em Madri por seu papel na tentativa de secessão da Catalunha em 2017, receberem duras penas de prisão.
– Com os liberais do Cidadãos –
Seria a maioria mais simples matematicamente: 180 assentos para esses dois partidos que já tentaram sem sucesso uma aliança em 2016 para levar Sánchez ao Moncloa.
O partido liberal e antisseparatista de Albert Rivera, que fez uma campanha muito agressiva contra Sánchez, rejeita essa possibilidade.
Tendo saltado de 32 para 57 assentos, o Cidadãos não esconde sua ambição de liderar a direita, diante do fracasso do Partido Popular (PP, conservador), que manteve somente 66 de suas 137 cadeiras.
Sánchez não descartou essa possibilidade, mas seus seguidores foram claros, gritando na noite seguinte às eleições: “Com Rivera, não!”.