O plano do presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, para um cessar-fogo entre Israel e Hamas em Gaza, que o movimento islamista palestino disse preferir em vez de novas negociações, inclui três fases de cerca de 40 dias cada uma.

Quando Biden apresentou a iniciativa, em 31 de maio, ele a atribuiu a Israel, embora o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, tenha demorado muito para admiti-la.

Após o fracasso de várias rodadas das negociações indiretas, Israel afirmou na semana passada que estava disposto a retomá-las em 15 de agosto, a pedido dos três países mediadores: Estados Unidos, Egito e Catar.

No entanto, as perspectivas de um desfecho positivo se enfraqueceram no sábado, quando Israel bombardeou uma escola que abrigava deslocados de guerra na Faixa de Gaza, matando 93 pessoas, segundo o balanço da Defesa Civil do território palestino governado pelo Hamas.

O Exército afirmou que o local servia como centro de comando do Hamas e da Jihad Islâmica, outra milícia palestina, e que havia eliminado pelo menos 31 combatentes na operação.

No domingo, o Hamas pediu a aplicação do plano apresentado por Biden, “em vez de realizar mais negociações ou novas propostas”.

Continuar negociando, acrescentou, significaria “dar cobertura” aos bombardeios israelenses, que acontecem incessantemente desde o início da guerra, desencadeada em 7 de outubro por uma incursão letal de comandos islamistas no sul de Israel.

O Catar considerou abandonar sua mediação após o assassinato, em 31 de julho, em Teerã, do líder do Hamas, Ismail Haniyeh, atribuído a Israel.

“Os assassinatos políticos e os ataques contínuos contra civis em Gaza (…) nos levam a questionar como uma mediação pode ter sucesso quando uma das partes assassina o negociador da outra”, disse o primeiro-ministro do Catar, Mohammed bin Abdelrahman al Thani.

Estas são as fases do acordo proposto por Biden:

Fase 1

– Cessar-fogo de seis semanas e retirada das tropas israelenses das áreas densamente povoadas da Faixa de Gaza.

– Libertação de “alguns” reféns sequestrados no sul de Israel em 7 de outubro, incluindo mulheres, idosos e pessoas feridas. Os corpos dos reféns mortos desde então serão entregues às famílias. Biden prometeu que os últimos reféns com nacionalidade americana retornariam neste momento “para casa”.

– Libertação de centenas de palestinos detidos em Israel.

– Possibilidade de retorno às suas áreas de residência para os palestinos deslocados pelos bombardeios que devastaram Gaza.

– “Aumento considerável” da ajuda humanitária, até agora insuficiente, com a entrada de até 600 caminhões por dia na Faixa de Gaza.

Fase 2

– Suas diretrizes precisas, segundo Biden, serão definidas durante a aplicação da primeira fase.

– O cessar-fogo continua em vigor, enquanto se negocia o fim definitivo dos combates e a libertação de todos os reféns.

– As forças israelenses se retiram de toda a Faixa de Gaza durante esta fase, que também deve durar cerca de seis semanas.

Fase 3

– Adoção de um amplo programa de reconstrução de Gaza, apoiado pelos Estados Unidos e pela comunidade internacional. Um alto funcionário americano estimou que seriam necessários de três a cinco anos.

– Últimas entregas às famílias dos corpos dos reféns israelenses mortos.

– Segundo Biden, o plano deve impedir o Hamas de recompor suas capacidades de combate, graças à intervenção de parceiros regionais. Caso isso não ocorra, “Israel poderá retomar suas operações militares”.