O presidente Jair Bolsonaro encontrou uma maneira grotesca de pressionar os deputados a aprovarem a PEC do voto impresso, que vai para plenário amanhã. Sua tática é colocar tanques e jatos circulando pela Esplanada dos Ministérios para criar um clima de guerra e de ameaça de golpe. O que já era insano – a defesa intransigente de uma maneira obsoleta de votar – agora ganha cores tenebrosas com uma pressão dissuasiva vinda do governo. Cerca de 150 veículos pesados serão colocados nas ruas de Brasília para fomentar o medo. A dissuasão é hoje a grande arma de Bolsonaro para fazer valer suas vontades. Amedronta-se o oponente simplesmente exibindo poderio bélico. E o que o presidente quer fazer com os parlamentares.

Sua tática, que tem tudo para fracassar, é típica de um brutamonte. Se é que vai levá-la a cabo, será mais uma demonstração de fraqueza e de covardia. Como não consegue ganhar na conversa, Bolsonaro quer ganhar no grito. A tendência na Câmara é derrubar por ampla maioria a PEC do voto impresso, uma loucura que Bolsonaro tenta empurrar goela abaixo da democracia brasileira. Para isso, usa recursos totalitários e monta um jogo de cena para mostrar que as forças militares estão ao seu lado. Para quê, cara pálida? Para amedrontar o Poder Legislativo e a população? Para parecer machão?

Vivemos um momento trevoso em que o presidente ao invés de governar, institui a cultura do blefe e da violência e tenta amedrontar os incautos. Sem capacidade para utilizar os recursos da democracia para negociar seus interesses , apela para a ignorância e para as demonstrações de força. Sem capacidade intelectual para persuadir quem quer que seja sobre suas idéias, ele encontra um jeito de fazer uma provocação descabida usando armas de guerra.

Provavelmente teremos amanhã uma nova demonstração da infindável boçalidade do presidente. E mais uma vez ele vai dar com os burros n’água.