13/05/2019 - 12:24
O fundador do WikiLeaks, Julian Assange, preso no Reino Unido, enfrenta a partir desta segunda-feira a reabertura pela justiça sueca de um caso em 2010 de suposto estupro, enquanto ao mesmo tempo paira sobre ele a ameaça de extradição para os Estados Unidos.
Estas são as grandes etapas do “caso de Assange”:
– Revelações ordem de detenção –
No final de julho de 2010, a imprensa mundial publica 70.000 documentos militares confidenciais sobre as operações da coalizão internacional no Afeganistão difundidos pelo site WikiLeaks.
No final de outubro, libera outros 400 mil documentos relacionados à guerra no Iraque e, um mês depois, o conteúdo de cerca de 250 mil telegramas diplomáticos dos EUA.
Em 18 de novembro, a Suécia emite um mandado de prisão europeu contra Julian Assange no âmbito de uma investigação por supostas agressões sexuais, incluindo estupro, contra duas mulheres suecas em agosto de 2010.
O fundador do WikiLeaks diz que as relações com as duas mulheres foram consentidas.
Assange se entrega à polícia britânica em 7 de dezembro. Depois de permanecer nove dias na prisão, o australiano recebe liberdade condicional e é instalado, sob estrito controle judicial, em uma casa no nordeste da Inglaterra.
Em 24 de fevereiro de 2011, um tribunal de Londres autorizou a extradição de Assange exigida pela Suécia. Assange teme ser extraditado pela segunda vez para os Estados Unidos, onde ele diz que pode ser condenado à morte por vazamento de documentos secretos.
– Refúgio na embaixada do Equador –
Em 19 de junho de 2012, depois de ter esgotado todos os seus recursos, Assange se refugia na embaixada do Equador em Londres e pede asilo político. O Equador, então presidido por Rafael Correa, o concede em agosto.
O Reino Unido nega o salvo conduto para que ele possa deixar o país.
– Recurso na ONU –
Um grupo de trabalho da ONU considera, em fevereiro, que Assange está “arbitrariamente detido” e pede à Suécia e ao Reino Unido que devolvam sua liberdade e o indenizem. Os dois países rejeitam o pedido, não vinculante.
– Investigação por estupro arquivada –
Em janeiro de 2017, Assange se declara disposto a ir para os Estados Unidos se seus direitos forem garantidos. Sua declaração coincide com a redução da sentença de Chelsea Manning, condenada pela transmissão de mais de 700.000 documentos confidenciais para o WikiLeaks.
Em maio, a justiça arquiva a investigação contra o australiano por um suposto crime de estupro. A polícia britânica anuncia que também o deterá se ele sair por violação à sua liberdade condicional.
O novo presidente equatoriano, Lenín Moreno, anuncia que o Equador continuará oferecendo asilo em sua embaixada em Assange. O Equador concede a nacionalidade a Assange em dezembro.
– Quito se irrita –
Em janeiro de 2018, o governo equatoriano anuncia que procura uma “mediação” para chegar a um acordo com o Reino Unido sobre a situação “insustentável” de Assange.
No final de março, irritado com suas opiniões no Twitter, o governo de Lenin Moreno cortou o acesso de Assange à Internet e às comunicações com com exterior (que logo são parcialmente restabelecido).
Em outubro, o Equador impõe um rígido protocolo que rege suas visitas, comunicações e até mesmo higiene pessoal na embaixada, e avisa que qualquer falha levará ao “fim do asilo”.
Procuradores americanos revelam por engano em novembro que prepararam uma acusação secreta contra Assange.
– Detenção na embaixada –
Em 2 de abril de 2019, o presidente equatoriano afirma que Assange violou o acordo de asilo em violações.
No dia 11, a polícia britânica, “convidada” pelo embaixador, prendeu Assange dentro da legação. O governo do Equador, que retirou sua nacionalidade, afirma ter agido “soberanamente”.
Os Estados Unidos, que solicitaram sua extradição para o Reino Unido, o acusaram horas depois por conspiração de pirataria informática.
Na Suécia, a mulher que denunciou Assange por estupro anunciou que solicitaria a reabertura da investigação.
No dia 14, o advogado de Assange afirmou que seu cliente cooperará com as autoridades suecas se elas pedirem sua extradição, mas que a prioridade é evitar a extradição para os Estados Unidos.
Em 1 de maio, Assange é sentenciado por um tribunal de Londres a 50 semanas de prisão por violar as condições de sua liberdade condicional.
No dia 13, a procuradoria sueca anuncia a reabertura da investigação por estupro.