O economista-chefe do Itaú Unibanco, Mário Mesquita, concedeu breve entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo sobre o cenário de poupança e Previdência do País. Segundo ele, “as pessoas têm a compreensão de que o sistema está quebrado” e de que “não se sustenta” no tempo.

Confira abaixo a entrevista.

O brasileiro ainda tem de aprender a poupar?

Há evidências de países asiáticos, e até mesmo o Brasil, de que a baixa renda também consegue poupar com planejamento. Acho que a gente passou por um período de democratização do crédito. E é natural que, nesse cenário, haja um predomínio do consumo presente em relação ao consumo futuro. Mas acredito que já houve um amadurecimento do consumidor brasileiro. Tanto que, mesmo com a taxa de juros no patamar atual (6,5% ao ano, o mais baixo da história), não está se vendo um “boom” de tomada de recursos no Brasil.

Se a política pública mudar, a disposição da população em poupar deve mudar?

Sim. Quanto mais a renda futura é garantida pelo Estado, menor o incentivo individual para poupar. O que as crises fiscais em nível estadual mostraram é que a garantia do Estado não é mais absoluta. O regime de benefício definido que a gente tem hoje só se materializa se a entidade mantenedora é solvente. Por enquanto, o governo tem resolvido essa questão com dívida, vendendo títulos a investidores. Mas isso tem limite. Se não tiver mais condições de tomar dívida para pagar aposentadorias, vai ter de fazer isso com inflação, imprimindo moeda.

O debate sobre Previdência no País está mais maduro?

O grau de conscientização da população sobre Previdência está aumentando muito. As pessoas têm a compreensão de que o sistema atual está quebrado e que não se sustenta no tempo. É claro que é mais fácil falar em termos difusos. Na hora de medir impactos, da discussão no Congresso, o apoio tende a cair.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.