14/04/2022 - 9:30
O presidente russo Vladimir Putin passou anos criando uma máscula imagem pública: fotos dele seminu no deserto de gelo da Sibéria, pescando sem camisa ou lutando judô como um profissional sempre viralizaramna internet. Apesar dessa exposição, sua vida íntima sempre foi mantida em sigilo.
Os boatos de que seria o homem mais rico do mundo e pai de diversas crianças bastardas começam a ser comprovados após a invasão da Rússia pela Ucrânia. As sanções econômicas ao país atingiram pessoas ligadas ao presidente e tornaram públicas as evidências sobre suas supostas relações familiares. Isso seria impensável pouco tempo atrás: até hoje, sabe-se muito pouco sobre seu casamento de quase três décadas com a ex-comissária de bordo Liudymilla Putina, que resultou em duas filhas, Katerina e Maria. Os dois se casaram em 1983 e divorciaram-se em 2012.
Não há fotos em família e, desde a separação, Liudymilla nunca mais foi vista em público, gerando rumores de que estaria em um convento. A confirmação da paternidade também só veio agora, uma vez que as finanças das filhas foram alvo das medidas impostas pelo Ocidente. Maria Vorontsova, de 36 anos, é endocrinologista e co-proprietária da Nomeko, uma empresa com foco em tratamento e diagnósticos médicos. A mais nova, Katerina Tikhonova, de 35 anos, também é ligada à área da saúde e ficou conhecida após participar de um programa no estilo “Dança dos Famosos”, na Polônia.
Em 2020, a plataforma de mídia investigativa russa independente Proekt publicou uma série de denúncias. Uma delas dizia que Putin se envolveu com Svetlana Krivonogikh enquanto ainda era casado com Liudymilla. O caso teria acontecido depois que ele se tornou presidente, em 1999. O site russo também garante que ele é pai de Luiza Rozova, filha de Svetlana, o que parece inegável ao ver o rosto da adolescente de 17 anos: ela é a cara do pai.
No perfil de Rozova no Instagram – apagado recentemente – era possível ver sua vida de luxo nas capitais europeias. Ela se comportava como uma influenciadora digital de sucesso, mas de onde viria o dinheiro? No último emprego da mãe, consta que ela era “funcionária de serviços gerais”. Após as revelações, a plataforma foi fechada e os jornalistas, perseguidos. Em outubro do ano passado, no entanto, o vazamento dos arquivos sigilosos conhecidos como “Pandora Papers” revelou que Svetlana havia comprado uma mansão de alto padrão em Mônaco por meio de uma empresa de fachada. Segundo os documentos, a fortuna da ex-amante era superior a US$ 100 milhões. Após o início do conflito na Ucrânia, as redes sociais dela e da filha sumiram. É difícil até achar imagens das duas em uma simples busca no Google. Acredita-se que o Kremlin esteja trabalhando em dobro para apagar qualquer registro do paradeiro das duas.
A mulher mais famosa associada a Vladimir Putin é a ginasta russa Alina Kabaeva. Medalhista olímpica, a ex-atleta de 38 anos estaria vivendo em um suntuoso chalé suíço, protegida por seguranças. Além do romance que já dura anos, a imprensa russa alega que ao menos dois dos quatro filhos de Alina são de Putin. O incômodo com a presença dela na Suíça é tão grande, que uma petição online para sua expulsão do país já conta com mais de 63 mil assinaturas.
A petição descreve Alina como a “esposa favorita de um ditador delirante” e acusa as autoridades suíças de “continuar hospedando ela e sua família, enquanto Putin destrói a vida de milhões de pessoas”. Iniciada por cidadãos russos, bielorrussos e ucranianos, a petição o compara a Adolf Hitler e apela para que “Eva Braun” seja “devolvida ao seu Führer”. Além da carreira esportiva, Alina teria se tornado uma milionária no ramo da comunicação, com um salário anual de R$ 48 milhões. Sua foto no site da empresa indicava que ela participava do Conselho de Administração do National Media Group (NMG), mas a imagem desapareceu de repente, em meio a temores de sanções. O líder da oposição, Alexei Navalny, conseguiu enviar mensagens da prisão exigindo uma ação ocidental contra a poderosa “mídia de propaganda do NMG”, que, segundo ele, seria comandado pelo Kremlin. Há suspeitas de que Alina estaria viajando pela Europa com um passaporte falso. “O National Media Group, que detém a maior parte do aparato de mentiras, pertence pessoalmente a Putin e é formalmente chefiado por sua amante Alina Kabaeva”, acusou Navalny.
Ainda não há uma explicação oficial por parte do grupo de mídia sobre o sumiço da foto de Alina. Ela ocupava o cargo de presidente do conselho desde 2014, apesar de não ter experiência anterior em comunicação ou negócios. Ao seguir a cartilha de desinformação de Vladimir Putin, a empresa agirá como se ela nunca tivesse existido.
