O governo espanhol de Mariano Rajoy detalhou neste sábado (21) as medidas que serão submetidas ao Senado para intervir na autonomia da Catalunha, que incluem a tutela da polícia, dos meios de comunicação e do Parlamento regionais.

As medidas foram acordadas pelo Conselho de Ministros nos termos do artigo 155 da Constituição, para enfrentar o desafio separatista do Executivo nacionalista catalão.

Elas serão apresentadas em 27 de outubro ao Senado espanhol, onde o Partido Popular (PP) de Mariano Rajoy tem uma maioria absoluta:

– Governo catalão –

O governo de Rajoy pede ao Senado a destituição da totalidade do governo regional catalão, presidido por Carles Puigdemont e seu vice-presidente Oriol Junqueras.

Suas funções passarão a ser exercidas por “órgãos ou autoridades criados para tal efeito ou designadas pelo governo da nação”. Rajoy disse à imprensa que, “em princípio”, a ideia é que os ministérios de seu governo assumam tais funções enquanto durar esta “situação excepcional”.

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Do mesmo modo, pede que Rajoy tenha o poder de dissolver o Parlamento da Catalunha e convocar eleições “num período máximo de seis meses a contar da aprovação do texto pelo Senado”.

No momento, essa competência corresponde a Puigdemont como presidente da Generalitat.

Além do governo catalão, o executivo de Rajoy deseja poder nomear, destituir e substituir funcionários em todos os organismos e entidades dependentes da Generalitat.

– Polícia catalã –

A Catalunha tem sua própria força policial, os Mossos d’Esquadra, que em condições normais respondem exclusivamente ao Conselheiro Regional do Interior.

Somente no caso de operações especiais essa força pode responder ao Estado.

O Executivo de Rajoy, no entanto, quer “ditar instruções diretas e obrigatórias” aos cerca de 16 mil agentes dos Mossos.

E, “se necessário”, os membros da polícia catalã “serão substituídos por oficiais das forças de segurança do Estado”, ou seja, da Polícia Nacional e da Guarda Civil.

– Finanças –

Em setembro, o governo central interveio nas contas da Generalitat, para tentar, em vão, impedir o referendo de 1 de outubro. A medida segue vigente.

Agora, Rajoy pede autoridade para exercer todas as competências financeiras, orçamentárias e fiscais, e se assegurar, assim, de que nenhum euro dos impostos locais nem o dinheiro enviado de Madri sejam desviados para o financiamento do projeto independentista.


– Meios de comunicação –

Rajoy também pretende assumir “as funções da Generalitat da Catalunha em matéria de telecomunicações e serviços digitais”.

Isso implica o controle do Centro de Telecomunicações e Tecnologia da Informação (CCTI), o órgão que coordena e planeja os sistemas e serviços informáticos implantados pelo governo regional.

Quanto aos meios de comunicação, a televisão e rádio públicas (TV3 e Catalunya Ràdio) ficarão sob o controle do governo central, como qualquer outra entidade dependente da Generalitat.

O referido controle permitirá que Rajoy proceda a nomeações nos referidos meios, e até mesmo influencie seu conteúdo.

O texto acordado no Conselho de Ministros diz que na imprensa pública catalã “será garantida a transmissão de informações verdadeiras, objetivas e equilibradas, respeitadoras do pluralismo político, social e cultural”.

Os sindicatos de jornalistas da TV3 criticaram o viés separatista da cadeia, assim como os sindicatos da espanhóis, que se queixaram do que consideram uma cobertura tendenciosa da crise catalã.

– Parlamento –

O governo de Rajoy também pede para colocar sob sua completa tutela a atividade do Parlamento da Catalunha, onde os independentistas atualmente possuem 72 assentos de um total de 135.

No início de setembro, esses legisladores aprovaram a lei que permitiu a realização do referendo de autodeterminação de 1º de outubro, que foi revogado pelo Tribunal Constitucional.

O texto a ser submetido ao Senado estabelece que o Parlamento catalão “não poderá tramitar iniciativas contrárias a essas medidas”.

Para garantir isso, o governo central designará uma autoridade que, de maneira sistemática, terá 30 dias para decidir se um texto em processo está ou não em conformidade com as medidas de intervenção.


Tal controle se estende a todas as proposições de lei que se apresentem.

Da mesma forma, uma vez Puigdemont fora do cargo, a Câmara não poderá realizar nenhum debate ou voto de investidura de um sucessor.


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