Em todos os cinco dias do festival The Town a sensação geral mais citada pelo público era de que tinha muita gente no local. Foram 100 mil pessoas por dia – público que o Autódromo de Interlagos já recebeu antes, no festival Lollapalooza, por exemplo. Mesmo assim, a disposição dos palcos principais, que gerava um ‘funil’ de pessoas que tentavam circular entre eles foi o principal problema citado pelos fãs.

Os problemas com os trens e a fiscalização de ingressos na entrada melhorou significativamente do primeiro fim de semana, nos dias 3 e 4 de setembro, para o segundo, nos dias 7, 9 e 10, como o Estadão mostrou após conversa com a organização. Mas a estrutura interna dos palcos era mais difícil de ser mudada em poucos dias. As principais queixas dos fãs sobre a estrutura foram:

– Disposição dos palcos

– Filas dos banheiros

– Circulação interna

– Visibilidade dos palcos e dos telões

– Falta de insumos

“Acho que tem que vender a quantidade de ingresso que um festival suporta. Isso está sem condições”, opina o designer de interiores Vinícius Ramos, de 26 anos. Ele, que veio no primeiro domingo do festival, 3, para ver Bruno Mars não achou água quando saiu do show. “Ali na frente eles não distribuíram água – algo que se faz em todo festival. E quando conseguimos sair e fomos procurar para comprar, não tinha nos bares. Isso precisa mudar”, coloca. Os pontos com bebedouros também eram poucos e longe dos principais palcos.

Para quem não queria água, mas sim outro líquido, as opções eram três: Coca-Cola, energético ou chopp. “As opções são muito limitadas. O refrigerante é somente com açúcar e para quem quer beber algo alcoólico tem que gostar de cerveja”, diz o professor Alisson Bruno, de 37 anos. Ao lado de seu marido, o médico Lucas Brasileiro, de 28 anos, ele veio ao festival dois dias: no dia 7 e no dia 10 e notaram a diferença de quantidade de pessoas. “Hoje está superlotado e isso faz a circulação ser péssima. Não fomos para nenhum estande porque não deu tempo”, explica Lucas.

A disposição dos palcos do festival contribuía para isso. O Skyline, onde os headliners do festival se apresentaram, era em uma ladeira, o que fazia com que o público ficasse mais baixo do que o palco. A distância deste para o “segundo” principal, o The One, era pouca, o que reduzia o deslocamento do público. Assim, o medo de não conseguir se deslocar fazia com que as pessoas ficassem naquela região e nem quisessem conhecer os artistas que se apresentavam em outros palcos durante os horários noturnos. Dos 360 mil metros quadrados totais do festival, nem a metade era a mais utilizada pelo público de mais de 100 mil pessoas.

“Todo mundo quer esses dois palcos, então esse é o caminho do tumulto. E essa passagem atrapalha muito porque afunila”, diz a estudante Mariana Rocha, de 20 anos. “E não dá para ficar em qualquer lugar, porque as torres na frente dos telões atrapalham muito a visibilidade”, complementa sua amiga, Giovanna Fuentes, de 20 anos.

O fisioterapeuta Rodrigo Ferreira, de 45 anos, também compartilha dessa opinião. “O acesso para o palco principal afunila muito. Isso faz com que os ladrões se posicionem ali e aconteçam furtos. Ontem eu vi várias pessoas tristes com essas intercorrências”, diz. “Além disso, para quem fica longe o telão é bem pequeno e achei a resolução ruim. Shows com a magnitude que está tendo aqui não pode ser transmitido em um telão pífio desse.”

A quantidade de gente também atrapalhava a fila para o banheiro. A advogada Bárbara Silva, de 25 anos, ficou uma hora na fila para conseguir utilizá-lo. “Perdi o show inteiro da Gloria Groove”, conta. Lá dentro, no entanto, as pessoas relataram espaços limpos com papel higiênico e sabonete.