Os líderes de Coreia do Norte e Coreia do Sul celebrarão uma histórica cúpula em abril na Zona Desmilitarizada, depois que Pyongyang ofereceu renunciar a suas armas nucleares em troca de garantias de segurança, informou um emissário sul-coreano nesta terça-feira (6).
O regime norte-coreano, que está submetido a múltiplas sanções do Conselho de Segurança da ONU por seus programas nuclear e de mísseis balísticos, insistiu durante muito tempo que estes não seriam negociados.
Mas agora está disposto a interromper tais programas, em caso de garantia da segurança nacional e de seu líder, afirmou Chung Eui-yong, conselheiro de Segurança do presidente sul-coreano, Moon Jae-in, ao retornar a Seul após uma reunião com o líder norte-coreano, Kim Jong Un, em Pyongyang.
O regime norte-coreano acredita que está sob a ameaça de uma invasão dos Estados Unidos desde que a Guerra da Coreia terminou, em 1953, com cessar-fogo, o que tecnicamente significa que as duas partes ainda estão em guerra.
Chung afirmou, no entanto, que Kim está disposto a falar sobre a desnuclearização em conversas com os Estados Unidos, o que poderia constituir a concessão crucial necessária para permitir o diálogo.
Pyongyang “deixou claro que não há motivos para ter (armas) nucleares caso sejam retiradas as ameaças militares contra a Coreia do Norte e se garanta a segurança de seu regime”, afirmou.
Também “expressou sua vontade de manter um diálogo franco com os Estados Unidos para discutir o tema da desnuclearização e normalizar as relações” entre Coreia do Norte e Estados Unidos.
Durante o diálogo, o regime norte-coreano prometeu suspender os testes nucleares e de mísseis, afirmou Chung.
O governo dos Estados Unidos insiste há muito tempo que a Coreia do Norte deve dar passos concretos para a desnuclearização como condição prévia.
O presidente americano, Donald Trump, recebeu o anúncio com cautela, enquanto o vice-presidente, Mike Pence, disse que Washington irá manter “pressão máxima” sobre a Coreia do Norte até que dê passos claros para a desnuclearização.
“Possível progresso está sendo alcançado em conversas com a Coreia do Norte. Pela primeira vez em muitas anos está sendo feito um esforço sério de todas as partes envolvidas”, assinalou Trump em uma mensagem no Twitter.
“O mundo está olhando e aguardando. Pode ser uma falsa esperança, mas os Estados Unidos estão prontos para ir em qualquer direção”, continuou.
Não obstante, “os Estados Unidos e seus aliados seguem firmes em impor a pressão máxima sobre o regime de Kim (Jong Un) para acabar com seu programa nuclear”, declarou Pence posteriormente.
Mais tarde, o presidente Trump disse no Salão Oval que “acho que as declarações que chegam da Coreia do Sul e da Coreia do Norte foram muito positivas”, antes de apontar que quer “ver o que acontecerá”.
Os anúncios desta terça-feira representam os avanços mais recentes da aproximação registrada na península da Coreia com os Jogos Olímpicos de Inverno e acontecem após um ano de grandes tensões, durante o qual a Coreia do Norte realizou seu teste nuclear de maior potência e vários lançamentos de mísseis, incluindo alguns com capacidade para atingir o território continental americano.
O clima ficou ainda mais tenso com a troca de insultos pessoais e ameaça apocalípticas entre o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e o líder norte-coreano. O primeiro chamou o segundo de “pequeno homem foguete”, enquanto Kim disse que o americano era um “velho doente mental”.
– Linha de comunicação –
A cúpula entre as Coreias acontecerá no final de abril na localidade de Panmunjom, na Zona Desmilitarizada (DMZ) que separa a Coreia do Norte da Coreia do Sul, e será precedida por uma conversa telefônica entre Kim Jong Un e Moon Jae-in.
Os dois países também concordaram com a abertura de uma linha de comunicação direta de emergência entre seus dois dirigentes, informou Chung Eui-yong.
Esta será a terceira reunião de cúpula entre os dirigentes dos dois países desde o fim da guerra da Coreia (1950-1953). As anteriores aconteceram em 2000 e em 2007.
“O Sul e o Norte estão de acordo sobre uma linha de comunicação de emergência entre os dirigentes para desativar as tensões militares e para uma coordenação estreita”, afirmou o representante sul-coreano.
Chung e os diplomatas sul-coreanos que o acompanharam a Pyongyang são os principais representantes do governo da Coreia do Sul a viajar ao Norte em mais de 10 anos.
Os emissários sul-coreanos devem viajar na quarta-feira a Washington para informar sobre a missão. O governo dos Estados Unidos acaba de impor novas sanções unilaterais contra a Coreia do Norte, as mais duras até o momento, segundo o presidente Trump.