ROMA, 12 JUN (ANSA) – Empresário de sucesso, magnata da televisão, político proeminente e dirigente esportivo, tudo entremeado por uma série de processos judiciais. Silvio Berlusconi, morto nesta segunda-feira (12) aos 86 anos, pode ser definido como um homem de muitas vidas.
Sua história pública começou há seis décadas, quando, aos 27 anos, fundou a empresa Edilnord, abrindo um canteiro de obras em Brugherio para construir uma pequena cidade de 4 mil habitantes.
É o primeiro tijolo sobre o qual Berlusconi faria seu sucesso.
Em 1968, nasce a Edilnord 2, que compra numerosos terrenos em Segrate, onde surgiria o projeto residencial “Milano 2” e onde, em 1975, seria construída a sede do grupo editorial Mondadori.
Em 2 de junho de 1977, Berlusconi é nomeado Cavaleiro do Trabalho e, no ano seguinte, funda aquela que abrigaria todas as suas atividades empresariais: a holding Fininvest.
A intenção de Berlusconi era a de diversificar o core business original, focando fortemente nas TVs comerciais e no setor editorial. Em 1976, assume a Telemilano, que se tornaria a Canale 5 em 1978, assumindo a estrutura de uma rede televisiva de alcance nacional.
Em 1982, o grupo é ampliado com a compra da Italia 1, de Edilio Rusconi, e, dois anos mais tarde, é a vez da Rete 4, do grupo Arnoldo Mondadori. Assim nasce o duopólio televisivo na Itália com a estatal RAI.
Dois anos depois, a Justiça tira do ar os canais da Fininvest por violação da lei que proibia redes privadas de fazer transmissões em escala nacional, mas o governo do socialista Bettino Craxi (1983-1987) legaliza a situação da empresa por meio de um decreto.
Em 1986, outra reviravolta, mas na área esportiva: a compra do Milan, do qual ele seria dono até 2017, comandando uma fase dourada que incluiu oito títulos na Série A e cinco na Liga dos Campeões da Uefa. Em 26 de janeiro de 1994, após ter deixado todos os cargos na holding Fininvest, Berlusconi anuncia, em uma mensagem de nove minutos transmitida por suas emissoras, sua entrada na política e a criação do partido Força Itália (FI), de centro-direita.
Em 27 de março de 1994, ele vence as eleições pela primeira vez e, dois meses depois, chega ao cargo de primeiro-ministro, o qual ocuparia até janeiro de 1995.
Em 2001, vence novamente as eleições e dá início a um dos mandatos mais longos da Itália republicana, até maio de 2006.
Após um intervalo de dois anos de centro-esquerda no poder, Berlusconi volta ao posto de premiê em maio de 2008, mas, em novembro de 2011, enfraquecido pela derrota de seu partido nas eleições municipais e com as pressões da União Europeia pelas contas públicas fora do controle, renuncia pela última vez ao governo italiano.
Em março de 2013, se elege senador, mas, em agosto, a Suprema Corte confirma uma condenação a quatro anos de cadeia por fraude fiscal no seu grupo de mídia, o Mediaset, dos quais três seriam perdoados por um indulto devido à idade avançada.
Sentenciado a cumprir um ano de serviços sociais em um asilo, Berlusconi é cassado pelo Senado no fim de 2013 e fica inelegível até maio de 2018. No ano seguinte, é eleito deputado do Parlamento Europeu e, em 2022, retorna ao Senado da Itália, mas com seu partido batendo os mínimos históricos, embora ainda essencial para dar maioria a Giorgia Meloni. (ANSA).