Em um evento realizado pela Confederação Nacional da Indústria nesta terça-feira, 7, Bolsonaro disparou mais uma fala absurda para sua vasta coleção de insanidades. Dirigindo-se a um grupo de executivos, criticou o trabalho do Ministério Público (MP) no combate ao trabalho escravo.

Isso foi dito capitão quando, em seu discurso, atacou uma operação feita pelo MP no Ceará responsável por multar um empresário que submetia seus funcionários a situação análoga à da escravidão, sem fornecer banheiros adequados ou quartos para que pudessem dormir.

Além de tosca, a fala do presidente revela que ele despreza a população que governa e que os brasileiros mais humildes só importam mesmo na hora do voto. A um ano do fim de seu mandato, Bolsonaro nada fez até aqui para levar qualquer melhoria à vida do cidadão. Os brasileiros têm sido obrigados a encarar um ambiente hostil: sem emprego, crescimento da miséria e aumento vertiginoso dos preços de produtos básicos nas prateleiras dos supermercados.

Em meio ao caos econômico e com o desemprego atingindo 14 milhões de pessoas, é inadmissível imaginar que ainda existam pessoas que sejam obrigadas a enfrentar chefes escravocratas, sem que os responsáveis sejam devidamente punidos na forma da lei. Fica ainda mais surreal quando um chefe de Estado vem a público sugerir ser contra o combate a esse tipo de atitude desumana.

O mandatário se mostra capaz de passar por cima de qualquer resquício de dignidade humana para conquistar seus objetivos. Vítimas de trabalho escravo, os milhões de miseráveis e os desempregados são, no fim das contas, são importantes apenas como massa de manobra para as eleições. E, diante do cenário atual, muitos serão reféns do governo, que pretende atraí-los por meio do Auxílio Brasil.