Enquanto o noticiário é tomado pelas frequentes cortinas de fumaça criadas pelo presidente Bolsonaro, cerca de 6 mil indígenas tomavam a Praça dos Três Poderes, em Brasília, nesta semana, para protestar contra a demarcação temporal de suas terras. A proposta propõe que a demarcação só deve ser feita caso a comunidade que faça o pedido de demarcação às autoridades consiga comprovar que esteja ocupando a propriedade desde 5 de outubro de 1988, a data de promulgação da Constituição.

O projeto prevê ainda que, a partir dele, os parlamentares passem a ter o poder de decisão sobre processos de demarcação. Em outras palavras, a medida obriga indígenas a pedirem autorização aos políticos para que possam ter o direito de viver em qualquer pedaço de terra. O tema deve ser discutido no Supremo Tribunal Federal (STF) ainda nesta semana. Os manifestantes acamparam nas redondezas do Congresso, porque pretendem acompanhar a votação.

Por que no Brasil de hoje tem sido assim? Não bastasse a necessidade de lutar pela própria vida num país comandado por um lunático durante a pandemia, a população ainda se vê impelida a brigar por tudo aquilo que é o básico para sobreviver. Emprego, que não há. Saúde, que não temos. Educação, destroçada. E, no caso dos indígenas. Nem direito a um teto eles têm.

O que Bolsonaro tenta fazer desde que assumiu a presidência é esconder tudo embaixo do tapete, jogando sobre tudo isso camadas e mais camadas de novas narrativas. Todas elas absurdas e que tomam o noticiário com assuntos irrelevantes para a sociedade, mas que servem apenas para mobilizar os radicais que o seguem.