A morte do músico Evaldo Rosa e do catador de recicláveis, Luciano Macedo, em sete de abril de 2019, no bairro de Guadalupe, na Zona Norte carioca, não foi um acontecimento comum, um acidente. Longe disso! O carro em que estava o artista e seus familiares foi alvejado por 62 disparos de fuzil e pistola, nove deles atingiram e mataram Rosa. Ao todo, os agentes do Exército brasileiro dispararam 257 contra o automóvel de um pai de família. Negro e pobre, porém.
Há pelo menos três questionamentos importantes a serem feitos, mesmo após a Justiça Militar ter condenado os 12 militares envolvidos. Primeiro, por que a tropa disparou tantas vezes? Segundo, por que o comandante do patrulhamento permitiu que isso acontecesse? E, não menos importante, o por que o racismo foi um dos componentes por trás dessa chacina?
Para responder a essas perguntas é possível todo o tipo de elucubração. Algumas podem ser plausíveis e outras nem tanto. De qualquer forma, ainda bem que essa execução absurda foi julgada e os militares, condenados. Decisão acertada e esperada. Foi feita Justiça? Talvez não. A história do Brasil é farta em eventos de crueldade como esse, que acabaram sem investigação, sem julgamento dos réus e sem a responsabilização dos assassinos. Para aquelas pessoas que, como o presidente Jair Bolsonaro, se pavonearam rapidamente na defesa dos fardados – somente pelo fato de serem seus apoiados -, deram com os burros n’água. O julgamento do caso Evaldo e a jurisprudência a partir dele, deverá servir de paradigma em episódios semelhantes. Os músicos jamais se calarão. Mesmo que as pessoas do mal pisem nos nossos jardins, as flores voltarão a renascer.