Artistas realizaram na tarde de domingo (7) um ato contra o corte de 23% no orçamento da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do governo do Estado de São Paulo. Eles seguiram em caminhada a partir do Masp até o Museu Afro Brasil, um dos projetos ameaçados pela redução.

O corte de verbas determinado pelo governo João Doria vai significar uma redução de R$ 148 milhões na verba da pasta, que representa 0,3% do orçamento do Estado. Serão atingidos 20 projetos, entre eles as Fábricas de Cultura, a Osesp, a Pinacoteca e o Theatro São Pedro, que amanheceu no sábado com a fachada tomada por cartazes reivindicando a manutenção do espaço, que deve ser fechado.

Em meio aos manifestantes, o maestro João Carlos Martins pediu revisão dos cortes. “A indústria, o comércio e a saúde são o corpo de uma sociedade. Mas a arte é a alma”, disse. “Pode haver diálogo, conversas, mas corte, nunca.” Para o maestro Nelson Ayres, o corte não é orçamentário. “Em todas as áreas, o corte é de cerca de 3%, na Cultura, de 23%. Isso é uma facada nas costas de projetos que são referência no Brasil e no mundo.”

No sábado (6), músicos da Orquestra Jovem do Estado levantaram-se antes de seu concerto na Sala São Paulo e ergueram cartazes contra os cortes. O maestro francês Bruno Mantovani, diretor do Conservatório de Paris, dirigiu-se ao público. “O Estado de São Paulo é uma das regiões mais ricas do mundo e deveria ter orgulho dos programas que aqui existem.” Em seguida, falou aos artistas. “A política não pode vencer o seu sorriso.” Na manhã de domingo, a Orquestra Jazz Sinfônica fez um minuto de silêncio em sua apresentação.

Na quinta-feira (4), a Associação Brasileira das Organizações Sociais de Cultura divulgou levantamento do impacto que o corte deve provocar nos projetos do Estado. Entre eles está o fechamento do Theatro São Pedro e sua orquestra; do Museu Afro Brasil; o cancelamento de exposições e projetos pedagógicos, a redução de projetos como as Oficinas Culturais, demissões de professores e o fechamento de vagas em escolas como a Emesp. A Secretaria de Cultura afirmou que tem realizado reuniões com as organizações sociais com o objetivo de “avaliar, definir e mitigar os impactos do contingenciamento sobre as atividades realizadas”.

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