Acostumados com o vozeirão ecoando pelos teatros, os artistas do palco chegam aos podcasts com as vozes aquecidas e inúmeros desafios.

A turma da Cia Uz Outrus conta que o podcast Quarencena vem sendo produzido em moldes caseiros, tanto por conta da pandemia quanto pelos recursos e habilidades do grupo. “Passamos o início da quarentena fazendo testes e experimentos. O Quarencena estreou quando já tínhamos um texto e roteiro criados especificamente para o programa”, ressalta Gabriel Fontoura.

Para Marcelo Drummond, a criação da Rádio Uzona foi uma iniciativa tomada para integrar a campanha de manutenção e apoio financeiro do Teatro Oficina. Além de dar continuidade às atividades do elenco. “Considerando os trabalhos do Oficina, seu elenco numeroso, foi um tanto complicado no começo. Vinte vozes para equalizar não é fácil.”

No episódio de O Bailado do Deus Morto, a Rádio Uzona traz a voz do elenco juntamente com a banda. “Às vezes, preferimos refazer as cenas, para depender menos da edição, que pode prejudicar um pouco a naturalidade.”

No podcast Quarencena, a companhia desenvolve o trabalho em etapas. Após a produção do texto, o material escrito é repassado ao elenco e roteirizado com a direção. “Algumas alterações podem ser feitas, se aparecer alguma fragilidade”, explica Fontoura, da companhia. “Mais tarde, o elenco grava as vozes e seguimos para a edição. Não é mais simples porque não temos o visual da luz ou a presença de cenários e figurinos, como era antes da pandemia.”

Para a Rádio Uzona, o desafio fica mais minucioso. “Nas cenas com canções, a direção musical grava a base e depois gravamos, individualmente, os trechos. Mais tarde, juntam-se todas as vozes na faixa.”

Quando indagados, todos afirmam que não falta imaginação para pensar em novas temporadas para os podcasts. Rafael Pimenta afirma que tem recebido mensagens com histórias potenciais para virarem novos episódios.

A Rádio Uzona também se mostrou aberta a novos roteiros e tramas que façam relação com os trabalhos do Teatro Oficina. Fontoura concorda. “Nosso grupo passou a estar em contato com outros criadores e, principalmente, com o público.”

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.