Os R$ 51 milhões que o Palmeiras utilizou para contratar dois atacantes – o reserva Borja por R$ 33 milhões e o titular Deyverson por R$ 18 milhões – não definiram o dono da camisa 9. Nenhum dos dois conseguiu se firmar como titular indiscutível. Depois de criticar o colombiano no início do ano, a torcida agora pega no pé do atacante que veio do Alavés, da Espanha, principalmente nas redes sociais. As críticas se justificam: cada um fez apenas três gols no Campeonato Brasileiro. O meia venezuelano Guerra e Willian marcaram cinco gols cada; Keno, quatro.

“Borja e Deyverson têm características diferentes, o Willian, também. Se você usar o Willian, pode por mais um atacante como o Róger Guedes, Keno. Se você colocar o Borja, não vai ter a referência, mas um jogador que flutua mais. Temos que analisar o jogo”, disse o técnico Cuca, nesta quarta-feira, em entrevista coletiva.

Cuca já elogiou o comprometimento tático de Deyverson, que volta para marcar quando o time perde a bola. Também destaca o jogo aéreo e o papel de pivô. Dentro da área, o titular tem feito poucos gols pelo alto, mas ajuda nas disputas na intermediária, no início da jogada.

Mesmo importante taticamente, o atacante que atuava no Alavés ficou com a imagem arranhada depois de ter se recusado a participar da disputa de pênaltis que causou a eliminação da Copa Libertadores. Diante do Atlético Mineiro, pelo Brasileirão, ele bateu e desperdiçou. No torneio nacional, soma três gols em 11 partidas. Desde a sua estreia, em 23 de julho, diante do Sport, só não atuou em uma partida, contra o Cruzeiro, porque não estava inscrito na Copa do Brasil.

Reforço mais caro da história do clube, Borja ainda não repetiu o futebol que o fez se destacar em 2016 pelo Atlético Nacional. Mesmo assim, o colombiano tem sido um pedido constante da arquibancada nos últimos jogos. A dificuldade para se ajustar ao estilo de jogo, que pede marcação e ocupação de espaços, é um dos motivos pelos quais não é titular.

A única vez em que isso aconteceu foi diante do Atlético Paranaense, ocasião em que a equipe foi poupada para a Libertadores. O técnico explicou algumas vezes que será preciso ter paciência para deixar o atacante se adaptar ao futebol brasileiro.

Borja é o camisa 9 clássico, quase sempre fixo na área. Ele tem 35 jogos e sete gols marcados, sendo que em 28 ocasiões entrou com o jogo em andamento. No Brasileirão precisou de sete jogos para fazer os mesmos três gols de Deyverson.

As estatísticas comprovam que Borja finaliza mais, mesmo jogando menos. Somadas as três partidas em que jogou os 90 minutos, concluiu 14 vezes, a mesma quantidade que Deyverson teve em seis jogos.

Deyverson, Willian e Borja chegaram neste ano como apostas para compensar a saída de Gabriel Jesus, negociado com o Manchester City. Willian é o artilheiro do time na temporada com 15 gols, mas atua pelos lados do campo, com funções diferentes das de um camisa 9. Diante da seca, Cuca cogita escalá-lo como referência na área.