A sabujice a que se submete o atual presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, aos desejos e caprichos – por mais inescrupulosos e ridículos que sejam – de Jair Bolsonaro, o verdugo do Planalto, é de fazer corar o mais conhecido dos bibelôs presidenciais, o ex-capacho da Saúde, digo, ministro da Saúde, general (subordinado a ex-capitão) Eduardo Pazuello.

Lira, o manda-chuva do PP – partido protagonista do petrolão ao lado do PT – foi eleito (presidente da Câmara) com amplo apoio dos bolsonaristas, que, à época, ainda fingiam alguma repulsa ao centrão, sob o argumento de que, ao contrário de Rodrigo Maia, este faria andar as propostas de interesse do governo, motivo que justificaria o apoio a um réu por corrupção no STF, deixando furiosa a Bolsolândia nas redes sociais. Nada mais falso, contudo.

O verdadeiro motivo era um só: impedir o – até então! – cada vez mais próximo e provável impeachment do amigão do Queiroz. Até porque, convenhamos, Maia não travou qualquer projeto ou reforma de interesse nacional. Ao contrário. Mas esse governo é tão ruim que: 1) Não apresenta nada; 2) Quando o faz, o próprio presidente sabota; e 3) Os textos são tão mal feitos, que nem sequer avançam nas Comissões. Mas, para o mito e sua seita, a culpa de tudo é e será sempre dos outros (prefeitos, governadores, Congresso, STF, comunistas, ET’s… ai, ai, que preguiça!).

Porém, na pré-estabelecida relação entre suserano e vassalo, algo aconteceu, e o adulão tornou-se ainda mais servil que o combinado. Lira não só segura com mãos-de-ferro os mais de 100 pedidos de impeachment, como abraça as causas mais tresloucadas do maníaco do tratamento precoce. Seria o famoso ‘abraço de afogado’? A conferir. Mas, por ora, é certo o estrago político que tanto apoio tem causado.

VOTO IMPRESSO

O caso do famigerado voto impresso é emblemático. Enterrado na Comissão Especial, a pedido do presidente da República, Lira, de forma inédita, resolveu enviar a decisão ao plenário da Casa. A intenção não era reverter o placar, mas conseguir o maior número de votos possíveis, a servir de muleta para mais discursos golpistas. Missão dada, missão cumprida!

Aos colegas que o pressionaram, Lira justificou-se alegando um acordo com o pai do senador das rachadinhas e da mansão de 14 milhões de reais, que custou apenas 6: uma vez votado em plenário, o resultado seria respeitado e o assunto, acabado. Bem, imaginar um político como Lira, acreditando em outro como Bolsonaro, é piada juvenil. Mas o pior estava por vir.

Menos de 12 horas após a derrota na Câmara, bem cedinho, como de costume, naquele chiqueirinho abarrotado de malucos à porta do Alvorada, Jair ‘eu sou o centrão’ Bolsonaro voltou a atacar as eleições, o TSE e o ministro Barroso. Ou seja, como esperado, não cumpriu o acordo com sua nova marionete. E qual foi a reação do ‘marido traído’? Mais submissão, mais vassalagem. Lira declarou que irá tentar, junto aos ministros do STF e TSE, uma maneira de ‘aumentar a auditagem dos votos’. Ah, vá te catar, meu senhor! Falta de vergonha na cara tem, ou deveria ter, limite.

Arthur Lira tem se saído o melhor dos capachos do presidente até o momento. Aliás, em que pese todas as incapacidades (intelectual, cognitiva, gerencial, humana etc) do maridão da ‘Micheque’ – apelido popular dado à primeira-dama, Michelle Bolsonaro, por causa dos 90 mil reais em cheques, depositados por Fabrício Queiroz e esposa, em sua conta corrente -, uma coisa temos de reconhecer: o cara é bom! Aliás, muito bom em identificar, recrutar e manipular quem o sirva cegamente; a soldo ou não, cobrando caro ou não.