Toda a casa é um universo completo, singular e infinito. Cada proprietário escolhe seu estilo, objetos de que mais gosta e as cores que mais o agradam. A arquiteta Juliana Pippi sabe bem disso. Há mais de vinte anos, ela desenvolve projetos que valorizam a cultura e o DNA brasileiro, fazendo com que fosse eleita pelo World Design Rankings como um dos doze destaques brasileiros na área de arquitetura e design.

Empreendedora nata, ela vive na ponte aérea de São Paulo/Florianópolis e, também, na rota da Bahia, onde criou um estilo único em uma série de casas em Trancoso. Enquanto outros profissionais buscam inspiração no próprio setor, ela mergulha no universo artístico para criar seus projetos e encher as casas de seus clientes com itens exclusivos. Além de arquiteta, é diretora criativa de sua marca autoral PIPPI, trabalha para uma série de indústrias brasileiras, cria projetos de design e desenvolve coleções para casa e moda.

Sua grande paixão é viajar o mundo, conhecer e trabalhar com novos artistas. Ela faz dessas experiências sua fonte de inspiração para os projetos que assina, sempre valorizando a arte brasileira, a pureza das formas e a reinvenção dos materiais na busca de um design autoral diferenciado. Há cinco anos, começou a transformar parte de seus projetos como arquiteta em produtos que viram também motivo de interesse do mercado empresarial. Trabalha com liberdade criativa para assinar coleções para marcas nacionais em mobiliário, design têxtil, objetos, iluminação, revestimentos, entre outros.

A convite da Livraria da Vila foi para uma viagem literária à Amazônia com Mário Sergio Cortella e Alice Ruiz, que abriu uma janela de encanto para a leitura de poemas. “Que o breve seja de um longo pensar. Que o longo seja de um curto sentir. Que tudo seja leve, de tal forma que o tempo nunca leve”. Como não se encantar pelos poemas de Alice?

Pode-se dizer que a poesia entrou de repente em sua vida, mas com a mesma intensidade que a música. Ao ouvir rádio, sua mãe cantarolava os sucessos da época. Essas músicas a motivaram a tocar piano, violão e flauta transversa, instrumentos que a acompanham em sua vida. Primeiro ela foi chamada para fazer a conceituação e o design de um revestimento produzido em Santa Catarina. Ela se inspirou na ideia do carbonizado para criar um piso cerâmico que parecia carvão. Depois, começou a desenhar móveis para clientes e para fabricantes. Em busca de apelo estético e conforto, seu sofá ganhou plumas de ganso sintética para garantir um conforto adicional. Depois, para as casas respirarem com mobiliário solto, vieram camas, pufes, mesas laterais, cômodas, escrivaninhas e uma série de outros itens.

Retornando dessa viagem criou a ‘Linha Poesia’, sua primeira coleção de movelaria para homenagear as mulheres da literatura brasileira. A poesia inspirou móveis com traço leve, ripas ovais e redondas, disponíveis em cinco linhas: Alice (Ruiz), Cecília (Meireles), Cora (Coralina), Hilma (Hilst) e Clarice (Lispector). Toda a fabricação e comercialização da coleção é feita pela Hadra Movelaria.

Explorando novas frentes, provocou a indústria têxtil para um novo desenvolvimento sustentável. Um contato aqui e outro ali, levaram até a EcoSimple, referência na área. Foi criada a ‘Coleção Alinhavo’, com 160 tecidos para a casa e a moda. Reúne oito cores de fios de algodão sustentável que se entrelaçam e formam novas padronagens.

Agora, todo esse universo também está presente em seu novo podcast ‘Pra Perto, gravado na ‘Casa Ateliê’, local a partir do qual promove encontros, rodas de conversa e saraus com música da melhor qualidade. A ideia é reunir amigos do mundo das artes, moda, arquitetura e design para conversar sobre a casa brasileira e as memórias de cada um. As conversas do universo da casa com alma brasileira acontecem às terças-feiras e podem ser acompanhadas pelo Spotify ou Youtube. Entre os convidados estão nomes como @paulalima, @decornautas, @mauricioarruda, @fragaronaldo, @ste_rib, @thaislauton, @walmorcorrea, @casadachris, @penha.vitor, @felipemorozini e @clarissaschneider.

Falando de lembranças, a casa da avó é uma das memórias mais especiais de sua vida, não só pelo belo chão de madeira, mas pelo inesquecível cheiro de galinha ensopada. E você? Me conta qual memória de casa que acompanha a sua vida? Se tiver uma boa história sobre arte para compartilhar, aguardo sugestões pelo meu Instagram Keka Consiglio, Facebook ou pelo Twitter.