Os mais novos talvez não conheçam o termo “araponga”, para designar, como direi?, detetives criminosos. É compreensível. Afinal, trata-se de uma expressão do século passado, hehe, e diz respeito a escutas criminosas plantadas por agentes do SNI (Serviço Nacional de Informações) e Polícia Federal (PF), lá pelos idos do governo FHC, no BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) e em gabinetes de figurões do Congresso Nacional.

+ Carlos Bolsonaro é alvo de operação da PF sobre espionagem ilegal na Abin

Sinceramente, não sei o porquê do termo – quase homônimo da simpática cidade paranaense Arapongas – e não estou com a menor paciência de pesquisar, mas tão logo, semana passada, o assunto sobre a ABIN (Agência Brasileira de Inteligência) paralela do governo Bolsonaro veio à tona, me lembrei do caso e da expressão. Eis uma das vantagens de ser velho e nem tão gagá assim. A gente tem sempre histórias para contar (obviamente, quando não esquecemos delas).

Ainda em 2021, e também 2022, já se falava neste grupo de espiões ilegais lotados no seio do governo Bolsonaro. Basta uma “googlada” e encontraremos matérias sobre sistemas de espionagem, importados de Israel, que estariam sendo utilizados para investigar opositores e desafetos do governo. À época, também falava-se da participação direta dos bolsokids 01, 02 e 03, especialmente do arruaceiro digital, travestido de vereador fluminense, Carlos Bolsonaro.

Portanto, não surpreende a operação policial, deflagrada nesta segunda-feira (29), contra o infame Carluxo. Aliás, não surpreende a prática fascista de espionagem e perseguição política advinda de um governo cujo chefe é um representante crasso da ditadura militar. Que as autoridades tenham o maior rigor nas investigações e a maior celeridade possível no devido e provável processo legal. Bolsonaro e sua gente não podem, também por isso, restarem impunes ante o Estado Democrático de Direito.