O ano de 2023 foi bastante agitado para Regina Duarte, 76. A atriz, que foi secretária da Cultura do governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), em 2020, em entrevista para a jornalista Leda Nagle – revelou ter se arrependido de ter entrado na política. A IstoÉ Gente lista alguns momentos que marcaram o ano da veterana que um dia já foi considerada a “namoradinha do Brasil”.
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“Não estava preparada para isso. Esse foi meu grande problema. Meu interesse em fazer alguma coisa pela cultura do país fez com que eu assumisse uma coisa pela qual eu não estava preparada. Fiquei muito triste pelo sonho que eu alimentei de fazer alguma coisa importante para a categoria. Mas eu não consegui. Sabia que não ia conseguir. Então, eu falava para mim mesma: ‘bem feito, viu! Se meteu aí a ser secretária de cultura sem ter capacidade para isso’”, disse Regina.
“Nos poucos encontros que a gente teve nos corredores em Brasília, ele (Bolsonaro) olhava para mim e dizia: ‘isso aqui não é para você não’. Quando eu fui tomar café com ele para pedir para sair, ele falou assim: ‘temos que arrumar alguma coisa para ela’, e sugeriu para eu ficar na Cinemateca de São Paulo, porque tinha que dar uma disfarçada de ‘porque está tirando a Regina?’ Está tirando a Regina, não! A Regina quer sair, quer ficar perto dos netos, em São Paulo”, explicou.
Volta à TV
Para Leda Nagle, Regina ainda reforçou que não pretende voltar à TV: “Não penso em voltar à televisão. Mas claro que se surgir uma coisa que eu não tenha feito ainda, que seja uma coisa fascinante, que me desperta uma paixão. Mas gosto da ideia de dirigir teatro.”
Já ao jornal Folha de S.Paulo, ela disse ter o desejo de atuar em novelas bíblicas da Record, ao apontar alguns caminhos profissionais a seguir após se envolver em política. Regina disse que, atualmente, sente-se mais alinhada à Record TV do que à Globo, onde trabalhou por décadas.
“Não é impossível, mas é difícil, porque, depois de tanta coisa que eu já fiz, é meio improvável que alguém consiga me propor alguma coisa nova, que eu não tenha feito ainda”, afirmou a atriz.
“Se isso acontecer e for alguma coisa que para mim significa um recado importante para o meu público, para a sociedade brasileira, claro que eu vou aceitar. Eu gostaria muito de fazer uma novela evangélica na Record, eu gosto daquelas histórias, sou fascinada por aquilo, e eu sinto que não sou só eu. Muita gente gosta”, disse.
“A TV Globo repercute uma parcela da sociedade que é ‘gritalhona’, que se expõe, que está sempre nas redes sociais, nas danças, na música. É uma nova geração que está aí, e a TV Globo replica. E tem lá o seu público. Muita gente da minha época, da minha geração, reclama e não assiste mais. É o preço que se paga por não conseguir agradar a todos, como a Globo já agradou antigamente, era 100% de audiência”, refletiu ela, acrescentando que acredita que seu público seja, em maioria, formado por apoiadores do ex-presidente.
“Quem acha que a Regina pode agregar alguma coisa são os bolsonaristas, que estão comigo. Não tenho nenhum ressentimento com isso, acho que é um direito, mas tem uma confusão aí. Muitas vezes eu fui defenestrada por algumas pessoas porque elas não gostam do Bolsonaro. E eu não posso gostar? Elas querem me impedir de ser bolsonarista? É essa a ideia? Não é um tanto ditatorial?”, questionou.
Pegando papelão na rua
Em novembro, viralizou um vídeo nas redes sociais em que Regina Duarte aparece pegando caixas de papelão nas ruas. A veterana, que tem se dedicado às artes plásticas após sua passagem pela política, comentou sobre o episódio em entrevista ao programa “Fofocalizando”, do SBT.
“Não deixa de ter um tom ridículo, mas acredito na intenção que está ali. Por que comprar papel e papelão se eu posso encontrar papelão a todo momento e todos os dias nas ruas sendo jogado fora? Alguma utilidade hão de ter, então que tenham comigo”, explicou Regina.
“É engraçado. Pensei assim ‘nossa, ela saiu da Globo e agora está catando papelão’”, completou.
Suposta briga com a filha
Em fevereiro, Gabriela Duarte usou as redes sociais para prestar uma homenagem para sua mãe, Regina Duarte, que completou 76 anos de vida, no dia 5. Em seu perfil no Instagram, a atriz deixou claro que não rompeu sua relação com a matriarca por política e ressaltou que família é o mais importante.
“Hoje é seu aniversário. Parabéns mãe. Amo você. E pra quem acha que não nos falamos, rompemos, brigamos? Somos e sempre seremos mãe e filha. Família. Podemos não concordar em muitas coisas, como vocês já sabem?. Cada um que cuide do seu CPF rs?..Mas família é o mais importante (pra mim) Feliz ano novo minha mãe”, escreveu Gabriela.
Mesmo a artista dizendo que está tudo bem entre ela e a ex-secretária especial de Cultura do governo Bolsonaro, a nossa reportagem relembra abaixo que não é bem assim. Listamos alguns momentos em que a relação entre Regina e Gabriela passou por momentos complicados. Confira!
- Deixou de seguir a mãe no Instagram
Em janeiro deste ano, Gabriela deixou de seguir Regina no Instagram após a veterana apoiar os ataques golpistas em Brasília, cometidos por apoiadores do ex-presidente do Brasil Jair Bolsonaro (PL), no dia 08 de janeiro.
- Ameaças após mãe entrar na política
Em abril de 2021, Gabriela Duarte revelou em entrevista ao programa “Conversa com Bial”, da TV Globo, que recebeu ameaças após Regina Duarte entrar na política e assumir a pasta da Secretaria de Cultura do governo Bolsonaro.
“Foi perseguida por grande parte da classe artística, que em sua maioria é de esquerda”, disse Pedro Bial, que na sequência perguntou para Gabriela se ela notou a mudança de comportamento nos colegas de trabalho com a mãe: “Acho que houve uma mudança na forma de olhar sobre como ela se posicionou. Me sinto muito pouco na posição de fazer esse julgamento. Uma coisa posso afirmar, nós somos muito diferentes realmente”, respondeu.
Duarte continuou: “Eu entendo que exista uma associação, até mesmo pelo trabalho. É uma coisa que eu poderia ter feito o movimento de separação antes, talvez me expondo mais.”
A artista ainda falou que o fato de Regina assumir a Secretaria de Cultura do governo Bolsonaro, foi uma decisão que não foi discutida com a família: “Ela fez um comunicado. Era um desafio. Não tem que consultar os filhos, tem que comunicar”, disse.
“Até hoje me pego pensando em como a coisa respingou tanto em mim. Não somos a mesma pessoa. Esse momento foi muito forte. Primeiro por pessoas que não tinham tanta relação comigo, mas me apoiaram muito. Essas pessoas realmente entenderam essa questão. E teve também um lado duro demais de pessoas me julgando, me cobrando um lugar de ter que me posicionar, de ter que apedrejar minha própria mãe em praça pública. Foi um período muito difícil. Já não bastasse estar no período da pandemia, e ainda ter que lidar com isso. Recebi muitas ameaças, isso nunca me passou pela cabeça que seria possível. Tenho tudo documentado, mas é bizarro”, finalizou Gabriela na ocasião.
- Suposto apoio a Lula
Além de usar um vestido vermelho e fazer uma reflexão dando a entender que estaria apoiando o atual presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), durante a pandemia, Gabriela Duarte mostrou ser totalmente contra o governo de Jair Bolsonaro. Em sua rede social, a atriz defendeu a quarentena, o isolamento social e se mostrou a favor da vacinação contra a doença, algo que sempre foi defendido por Lula.
- Relação com a mãe
Em entrevista para Mônica Bergamo, da Folha de S. Paulo, Gabriela Duarte disse que tenta seguir a vida após sua mãe, Regina Duarte, romper um contrato com a TV Globo e ter assumido o cargo de secretária da Cultura do governo de Jair Bolsonaro.
“É como se tivesse fechado um ciclo nas nossas vidas. Agora é bola para frente. Tocar a vida daqui para frente e não ficar vivendo uma coisa que já passou”, disse a atriz.
Gabriela disse que a família não tem relação com a escolha da mãe e que continua apoiando a mãe. “Ela tem o meu apoio para o que ela quiser fazer na vida. Se eu concordo ou se eu não concordo, isso realmente não importa(…)“É muito desconfortável fazer uma análise sobre determinadas atitudes que não são suas e que são de uma pessoa que você tem muito afeto, que é sua mãe”, afirmou.
Ela também disse que se distanciou com sua mãe durante o período em que ela estava no governo. “Ela trabalhando envolvida lá em Brasília e eu aqui em São Paulo, vivendo a minha vida. Tudo o que a gente tinha que discutir, fizemos da porta para dentro de casa. Nunca tive nenhuma necessidade de levar isso para uma esfera pública e nunca me senti cobrada a fazer isso.”