O dólar teve a maior queda porcentual desde janeiro de 2019 com o anúncio de que o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) disponibilizou uma linha de swap cambial de US$ 60 bilhões com nove países, incluindo o Banco Central do Brasil, o que amplia a liquidez em dólar para o mercado doméstico, em um momento de saída de capital externo da economia brasileira. O dia também teve intervenção do BC com três leilões e o real acabou se descolando de outras moedas emergentes e ganhando força no mercado internacional, em uma quinta-feira volátil, mas marcada por menos nervosismo.

O dólar à vista fechou cotado em R$ 5,1023, a maior baixa porcentual desde 2 de janeiro de 2019, quando recuou 1,83%. A moeda americana abriu em alta e chegou a bater em R$ 5,21, mas a valorização perdeu força logo após o anúncio do Fed. Analistas de moedas e economistas acharam a medida positiva, mas insuficiente para conter a valorização do câmbio nos emergentes.

“É mais um passo na direção certa, uma sinalização”, avalia Luiz Fernando Figueiredo, sócio da Mauá Capital e ex-diretor do BC. Neste sentido, a linha de swap do Fed é mais um sinal de coordenação dos governos. “O mundo está tomando a direção de ‘vamos fazer tudo o que precisar e mais um pouco'”, afirma. “Os governos estão usando um enorme arsenal, um arsenal gigantesco, praticamente sem fazer a conta do impacto fiscal”, ressalta Figueiredo. “Hoje foi uma boa indicação, com mercados oscilando pouco, não caindo 10%. Se ficar assim alguns dias vai ajudar muito.”

Para o economista da consultoria inglesa Capital Economics, Oliver Allen, a linha de swap traz alívio para o mercado cambial brasileiro e de outras regiões, mas não será suficiente para segurar a tendência de fortalecimento do dólar na economia mundial, ao menos enquanto a turbulência no mercado financeiro mundial não passar.

O anúncio do Fed, ressalta Allen, já trouxe respiro para algumas moedas emergentes hoje, como o real, que ganhou força ante o dólar, mas o economista vê este movimento como temporário. Moedas como o real e o peso mexicano que vinham frequentando o topo da lista de piores desempenhos diários ante o dólar no mercado internacional deixaram estas posições hoje.

O Instituto Internacional de Finanças (IIF), formado pelos 500 maiores bancos do mundo, com sede em Washington, ressalta que a saída de capital de emergentes se acelerou nos últimos dias, para níveis sem precedentes e aconteceu o movimento chamado “parada repentina”. As saídas desde o final de janeiro já superam US$ 50 bilhões e os países mais pressionados são o México e o Brasil. Tanto que no ano o dólar acumula alta de 27% aqui e no México, os piores desempenhos em uma cesta de 34 moedas.

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