NOVA YORK, 9 DEZ (ANSA) – Quase 25 anos após o escândalo de pedofilia na Igreja Católica ter vindo à tona em Boston, a Arquidiocese de Nova York lançou uma campanha de arrecadação de US$ 300 milhões para indenizar aproximadamente 1,3 mil pessoas que alegam ter sido vítimas de abuso sexual cometido por padres e funcionários leigos ao longo de décadas.
A mediação, anunciada pelo cardeal Timothy Dolan, ganhou força após reuniões recentes entre líderes arquidiocesanos e advogados das vítimas nas últimas semanas para discutir a estrutura de um acordo abrangente entre a Igreja e seus acusadores.
Em mensagem enviada a aproximadamente 300 mil católicos de Nova York, Dolan voltou a pedir perdão “pela falha daqueles que traíram a confiança neles depositada, ao não garantirem a segurança de nossos jovens”, e reconheceu que o escândalo trouxe “vergonha” à Igreja.
Entre os acusadores, cerca de 300 são representados pelo advogado Jeff Anderson, uma das figuras mais atuantes em processos de abuso sexual envolvendo instituições religiosas.
Ele avaliou a iniciativa como “um passo na direção certa”, embora ressalte que muito ainda precisa ser resolvido antes da conclusão do processo.
Para arrecadar os US$ 300 milhões iniciais, a arquidiocese vem promovendo cortes no orçamento, reduzindo pessoal e vendendo propriedades. Entre os ativos negociados está a sede localizada na Primeira Avenida, vendida no ano passado por US$ 100 milhões e atualmente em processo de reforma.
A movimentação em Nova York ocorre no mesmo dia em que a Arquidiocese de Nova Orleans confirmou um acordo judicial que prevê o pagamento de pelo menos US$ 230 milhões a centenas de sobreviventes de abuso. A quantia foi aprovada por um juiz federal responsável pelo processo de falência da instituição na Louisiana.
O arcebispo Gregory Aymond afirmou estar satisfeito com o desfecho da negociação, mas reconheceu que “muitas vítimas continuam a enfrentar o trauma causado pelo abuso” e que o acordo representa apenas parte do caminho para a reparação.
(ANSA).