MILÃO, 25 JUN (ANSA) – Arqueólogos descobriram o vinho mais antigo do mundo, ainda em estado líquido, após ter passado mais de 2 mil anos dentro de uma urna funerária na Necrópole Romana de Carmona, na Espanha.   

No local também foram encontrados um anel de ouro e as cinzas de um antigo romano com mais cinco familiares, sendo duas mulheres e três homens.   

O estudo sobre as descobertas foi publicado no Journal of Archaeological Science: Reports, realizado por pesquisadores da Universidade de Córdoba.   

“No início, ficamos muito surpresos que em uma das urnas funerárias houvesse líquido conservado”, disse Juan Manuel Román, arqueólogo de Carmona.   

Para comprovar que o líquido avermelhado era realmente vinho, e não o resultado de derramamentos ou processos de condensação, os pesquisadores conduziram uma série de análises químicas para verificar o pH, a presença de matéria orgânica, sais minerais e substâncias derivadas dos restos mortais ou da urna de vidro.   

Os resultados comprovaram que o líquido é vinho, contendo sete polifenóis específicos ainda presentes em vinhos modernos na Andaluzia.   

A ausência de um polifenol chamado ácido siríngico, frequente em vinhos tintos, permite supor que se tratasse de vinho branco, mas que com o passar do tempo assumiu uma cor avermelhada.   

Ainda é difícil estabelecer sua origem geográfica, mas em seu interior foram identificados sais minerais presentes também nos vinhos brancos atualmente produzidos no território que costumava ser a província romana de Betica, que hoje corresponde à península ibérica.   

O vinho da urna remonta ao primeiro século depois da Era Comum, superando o recorde até hoje detido pela garrafa de vinho Speyer, descoberta em 1867, na Alemanha, datada do quarto século depois da Era Comum.   

Na sepultura de Carmona, os arqueólogos ainda descobriram outra urna com os restos mortais de uma mulher, com três joias de âmbar, uma garrafinha de perfume com notas de patchouli e restos de tecido, provavelmente seda. (ANSA).