Depois de muita luta estamos sepultando o projeto criminoso de poder. A mobilização da sociedade civil foi o fator decisivo da vitória histórica. Não custa lembrar que a defesa do impeachment, em meados do ano passado, era considerado um sonho – ou, para alguns, uma ação irresponsável, que poderia levar o País à guerra civil. Dilma Rousseff iniciou seu segundo mandato ainda com razoável capital político. As elites empresarias continuavam satisfeitas. Não se viu à época nenhuma manifestação da oposição. Tudo indicava que o PT governaria tranquilamente por mais quatro anos. Contudo, a ânsia de poder absoluto do petismo levou a cometer um grave erro ao lançar candidato próprio à presidência da Câmara. Perderam. E ganharam em Eduardo Cunha um adversário. Foi em fevereiro. No mês seguinte, convocadas pelos movimentos independentes, em todo o País ocorreram manifestações, a 15 de março. Foi um sucesso. Em São Paulo, centro principal de oposição ao projeto criminoso petista, a avenida Paulista foi tomada, de ponta a ponta, por milhares de manifestantes.

Em Curitiba, a Operação Lava Jato continuava a pleno vapor. E atingia o coração do PT ao desvendar o maior escândalo de desvio de recursos públicos da história, o petrolão. As sucessivas revelações foram desgastando o que tinha sobrado de capital ético do PT. As provas eram evidentes – e envolviam a direção partidária, chegando até Lula e Dilma.

Porém, a oposição parlamentar fazia ouvidos de mercador. Timidamente se posicionava frente à quadrilha petista. Temia a mobilização popular – e alguns receavam serem atingidos pela Lava Jato. Mesmo após outras três grandes manifestações de rua (abril, agosto e dezembro), a oposição ainda vacilava. Dava ao PT um poder de mobilização que, há anos, não tinha. Pintava Lula como um perigoso líder de massas, o que não correspondia à realidade. Temiam os movimentos sociais, instrumentalizados pelo PT, e as centrais sindicais, ignorando o peleguismo e a escassez de apoio popular. No fundo, a oposição não queria cumprir o seu papel. Imaginava ser possível desgastar o governo, para, daí sim, vencê-lo em 2018. Era a tática equivocada adotada em 2005, quando da crise do mensalão. Mas, dessa vez, as ruas é que deram o rumo. Ao invés da conciliação, o enfrentamento. E estavam certas.