31/08/2022 - 16:34
O número de armas registradas por CACs (Caçadores, Atiradores e Colecionadores) chegou a marca de 1 milhão de acordo com dados do Exército, que foram obtidos por meio da Lei de Acesso a Informação pelos institutos Sou da Paz e Igarapé. Os dados demonstram que o número de armas registradas por CACs praticamente triplicou desde janeiro de 2019 quando o presidente Jair Bolsonaro (PL) assumiu a presidência.
Desde então esta categoria teve um aumento em 187% em todo o Brasil. O número de armas, que anteriormente era de 350,6 mil, chegou a 1.006.725 em julho deste ano. Segundo os registros militares, este arsenal de um milhão de armas estão em posse de 673,8 mil CACs, que podem adquirir revólveres e fuzis de repetição.
As pessoas que possuem registro como atiradores, por exemplo, têm o direito de adquirir até 60 armas, das quais 30 podem ser de uso restrito, como fuzis. Os caçadores podem ter até 15 armas com alto poder de fogo. E para os colecionadores não há limite para o número de armas que um civil possa ter. A Polícia Federal emite porte de armas para civis que tenham direito a porte e posse, juízes, promotores, policiais e guardas municipais.
‘’O aumento das armas registradas pelo Exército é ainda mais grave quando consideramos que muitas delas têm maior poder de fogo do que as armas registradas pela Polícia Federal’’, evidenciou Michelle dos Ramos, do Instituto Igarapé.
A cada 24 horas cerca de 449 pessoas obtêm licença para usar armas no Brasil, por intermédio do CACs. ‘’Essa explosão de armas é muito preocupante quando a gente sabe que o Exército não investiu na fiscalização. E isso acontece em um momento em que vemos que quase 700 mil pessoas estão armadas com o risco de utilização dessas armas em um momento sensível de nosso país, em que estamos numa campanha eleitoral polarizada’’, afirmou Carolina Ricardo, do Instituto Sou da Paz.
Segundo dados da 2ª Região Militar do Exército, São Paulo foi o estado que registrou o maior crescimento de armas, com 279,5 mil registros em julho deste ano. Em contrapartida, 118,9 mil armas estavam registradas em 2017 pelos CACs. Desta forma, em cinco anos houve o aumento de 146,1 mil armas registradas. Os maiores aumentos percentuais entre 2017 e 2022 ocorreram na 12ª Região Militar (Amazonas, Acre, Rondônia e Roraima) em mais de 700%. Em 2017, havia 1881 registros na região. Em julho deste ano, estavam registradas 21.196 armas desta categoria.
Estes dados são alarmantes, pois estamos a cerca de um mês da eleição e há quase 700 mil civis armados, inclusive com armas que tem maior poder de fogo do que as armas usadas pelas forças de segurança pública. O risco de ter confrontos com letalidade ou ameaça no dia da eleição é extremamente alto por parte de apoiadores de Bolsonaro. Foi por este motivo que o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) proibiu, nesta terça-feira, 30, o porte de armas nas seções eleitorais durante a votação.