Um relatório da Polícia Federal, uma manifestação do procurador-geral da República e, finalmente, uma decisão do Supremo Tribunal Federal, a mais alta corte da Justiça do País, colocam o deputado Pedro Paulo (PMDB-RJ) no rol das vítimas de um tipo de baixaria que vira e mexe prospera na política brasileira. Uma denúncia marota feita em qualquer delegacia ganha repercussão e até que a tramoia seja descoberta a vítima sofre uma espécie de linchamento em praça pública. Candidato à sucessão do prefeito Eduardo Paes, no Rio de Janeiro, Pedro Paulo foi acusado de agredir a ex-mulher, Alexandra Marcondes, em 2010. Na semana passada, o castelo de cartas construído contra o parlamentar ruiu definitivamente. O ministro Luiz Fux, do STF, arquivou a investigação pelo simples fato de nada existir que pudesse justificar um inquérito. A decisão foi tomada a partir da constatação feita pela Procuradoria Geral da República, que analisou atentamente todos os fatos e não encontrou nada que pudesse macular a conduta do deputado.

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Antes de emitir seu parecer sobre o caso, o procurador-geral, Rodrigo Janot, ouviu Francisco Mourão, perito do Instituto Médico Legal que realizou o exame de corpo de delito em Alexandra após a suposta agressão. Ele descartou a ocorrência de qualquer delito doloso praticado pelo parlamentar. No entanto, o que mais pesou no convencimento do procurador foi um depoimento prestado pela própria Alexandra. “Indagada se houve qualquer agressão que partiu de Pedro Paulo, a depoente afirma de forma categórica que não, que ele se defendia apenas”, disse Janot no relatório encaminhado ao Supremo. “É com enorme satisfação que recebo a decisão do STF, a mais alta corte do Brasil, que reconheceu a minha inocência”, afirmou o deputado. “Apesar de pré-julgamentos injustos e de acusações levianas a que fui submetido, eu sempre tive confiança de que a justiça seria feita”. Aos 44 anos, pai de três filhos, o candidato escolhido pelo PMDB para disputar a Prefeitura do Rio de Janeiro, é economista com pós-graduação na Espanha e iniciou sua carreira no mercado financeiro. Seu primeiro cargo no setor público foi como administrador do Autódromo Internacional Nelson Piquet, a convite de Eduardo Paes, então subprefeito da Barra da Tijuca – cargo que Pedro Paulo ocuparia em 2001, antes de se tornar secretário do Meio Ambiente do Rio. A eleição de Paes o levaria a posições estratégicas na Prefeitura, primeiro como chefe da Casa Civil e depois como secretário-executivo de Coordenação de Governo. Na convenção do PMDB que o confirmou sua candidatura, em 20 de julho, Pedro Paulo foi saudado pelo atual prefeito como um “supercidadão, superpai e supermarido”. É essa trajetória que pode ter motivado adversários políticos a tentarem manipular a Justiça em busca de manchetes contra o deputado.

NOVA VERSÃO Alexandra Marcondes, em depoimento oficial: “Pedro nunca foi um cara agressivo”
NOVA VERSÃO Alexandra Marcondes, em depoimento oficial: “Pedro nunca foi um
cara agressivo”

Uma vez que o processo arquivado pelo STF, Pedro Paulo diz que o assunto está encerrado. “Qualquer iniciativa de explorá-lo deve ser encarada como uma tentativa de questionar a credibilidade de instituições como a Polícia Federal, a Procuradoria-Geral da República e o Supremo Tribunal Federal, ou – o que é ainda pior – de condenar ilegalmente um inocente”, afirma o deputado. Essa não foi a primeira vez que um parlamentar teve reputação achincalhada com base em denuncias sem fundamento. Em 1994, por exemplo, o então deputado federal Ibsen Pinheiro, que havia sido presidente da Câmara durante o processo de impeachment de Fernando Collor, teve seu mandato cassado e foi condenado a oito anos de afastamento da vida pública após uma investigação sobre irregularidades no Orçamento da União. O Supremo Tribunal Federal arquivou em 2000 o processo contra Ibsen, hoje deputado estadual no Rio Grande do Sul. No caso de Pedro Paulo a Justiça agiu antes que o mal maior fosse concretizado. Ele agora está para valer na disputa municipal.