Jared Leto postou no Instagram que o Joker/Coringa faria uma aparição no spinoff da DC Aves de Rapina, dedicado a Arlequina e Sua Emancipação Fantabulosa. O longa de Cathy Yan estreia nesta quinta, 6, no Brasil, um dia antes de invadir os cinemas dos EUA. Em dezembro, Margot Robbie e a diretora estiveram em São Paulo, na CCXP, para mostrar cenas do filme e conversar com o público num painel que foi movimentadíssimo. Muita coisa se passou, desde então – incluindo nova indicação de Margot para o Oscar (de melhor atriz coadjuvante) por O Escândalo, em que ela está arrasadora, mas não mais do que em Aves de Rapina.

Nos créditos finais, você verá que Margot também produz. Em conversa com o repórter, num hotel do Morumbi, contou: “Gosto demais dessa personagem e, por mim, não pararia nunca de interpretá-la. Acho que Arlequina tem muitas possibilidades de crescer. E já que eu não queria me despedir dela depois de Esquadrão Suicida, o negócio era me jogar no projeto e torná-lo realidade. O encontro com Cathy foi ‘fantabuloso’. Temos ideias muito próximas sobre a personagem, comics, empoderamento. Mulher-Maravilha abriu um debate necessário, mas feminismo não é só uma questão para mulheres. Homens podem ser feministas, é só não se intimidarem de ter mulheres fortes como companheiras”.

De cara, no começo do filme, falando em primeira pessoa, Margot/Harley Quinn conta da sua grande crise. Acabou com o Coringa, ou melhor, foi chutada por ele – literalmente. Não, Jared Leto não aparece – nem faz falta (o ator).

Numa cena, Arlequina explica a origem do nome – seria alguém que nasceu para servir, o que não é o caso. Ela adquire independência e forma o próprio grupo – Aves de Rapina – para combater o crime em Gotham City, incluindo Cassandra Cain, Caçadora, Canário Negro e Renee Montoya – interpretadas por Ella Jay Basco, Mary Elizabeth Winstead, Jurnee Smollet-Bell e a mais veterana Rosie Perez. “Gostaria muito que o cinema se abrisse mais para esses grupos de mulheres, principalmente em filmes de aventuras.” Garotas? Não, na entrevista, Margot reforçou uma frase do trailer: “Chame uma mulher até de vaca, é melhor que chamá-la de menina”. E a diretora Cathy Yan: “É uma história muito inspiradora. Elas aprendem a trabalhar juntas, que é uma atitude necessária. Todas as transformações ocorridas na indústria nos últimos anos nasceram de um sentimento coletivo, veja o #MeToo”.

Com a utilização de grafismos e rompendo a quarta parede para realçar o aspecto farsesco, o filme tem uma pegada mais para Deadpool do que para o trágico Coringa de Todd Phillips. Margot é de uma entrega radical e até poderá estar no prêmio da Academia do ano que vem por algum outro filme, mas não será por esse, brincalhão demais para o padrão da Hollywood que se leva a sério. A atriz só teve elogios para sua diretora. “Cathy não queria que fôssemos só mulheres batendo como homens. O foco dela deu supercerto.”

Nascida na China e criada em Hong Kong e Washington, Cathy Yan cursou a Princeton University e se iniciou como jornalista no Los Angeles Times e no Wall Street Journal, baseada em Nova York e Pequim. Migrou para o cinema, e inspirada numa história real, fez Dead Pigs, que foi acolhido em Sundance como uma metáfora sobre a vida chinesa (e muito elogiado). Quase de imediato foi escolhida para dirigir Aves de Rapina.

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“Não sou especialista em comics, mas me pareceu uma oportunidade única para abordar temas contemporâneos ligados ao papel da mulher na sociedade.” Como mulher do Coringa, Arlequina é intocável. Quando terminam, todo mundo quer acertar contas com ela. E Canário Negro vive cantando a fragilidade das mulheres, o que não deixa de ser um paradoxo, porque ela tem um vozeirão que, quando solta, o agudo, em especial, pode se tornar mortal.

Dead Pigs era um filme pequeno – Jia Zhangke era o produtor executivo -, como foi a passagem para o blockbuster? “Não creio que aquele filme pequeno seja mais meu que esse grande. Margot e eu criamos uma cumplicidade muito grande e, juntas, fizemos o filme que queríamos. Se não der certo, não teremos nenhum homem para culpar.”

O filme inclui uma homenagem a Marilyn Monroe, uma nova versão de Diamonds Are a Girl’s Best Friend, que ela cantou em Os Homens Preferem as Loiras, baseada no fato de que um diamante é peça valiosa da trama. “Marilyn representa o ápice da mulher sob o olhar de desejo dos homens, e quisemos tirar proveito disso”, explicou Cathy. E Ewan McGregor, como o vilão Máscara Negra? “Já que o Coringa fica fora de cena, foi preciso criar algo novo. Roman (o nome do Máscara) é um psicopata carismático, virou o rival perfeito. E Ewan trouxe muito charme para o papel.”

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.


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