07/02/2022 - 10:48
A Argentina espera que a União Europeia (UE) reconheça a existência de uma disputa de soberania com o Reino Unido sobre as ilhas Malvinas, embora sem que ela se torne o único tema de diálogo com o bloco, disse em Bruxelas um alto funcionário argentino.
“Esperamos que a UE reconheça a existência de uma disputa de soberania (…) e que a UE encoraje o diálogo e a negociação”, disse à AFP Mariano Carmona, secretário do Ministério das Relações Exteriores da Argentina para as Malvinas, Antártica e Atlântico Sul.
Segundo o responsável, “a comunidade internacional (…) insiste no restabelecimento das negociações de soberania entre a Argentina e o Reino Unido”.
No entanto, acrescentou que a Argentina pretende deixar claro em seus contatos que a disputa não é “a única agenda que temos com a UE”, embora para o país o tema seja “uma prioridade de política externa”.
Carmona manteve reuniões com eurodeputados e funcionários da Comissão Europeia na capital belga.
Nessas reuniões, disse ele, promoveu “programas de pesquisa científica em assuntos oceânicos e antárticos”, além de estudos sobre o impacto das mudanças climáticas e a pesca.
Uma resolução da ONU de 1965 exige que a Argentina e o Reino Unido entrem em negociações diretas sobre a soberania das ilhas, uma questão de disputa desde 1833.
Enquanto isso, o Reino Unido alega que não pode iniciar essas negociações porque a população das ilhas votou por grande maioria em um referendo em 2013 a favor da pertença à coroa britânica.
Por isso, Londres sustenta que qualquer diálogo deve ser aprovado pelos habitantes das ilhas (que Londres chama de Falklands), argumento rejeitado por Buenos Aires.
Em 1982, a Argentina e o Reino Unido travaram uma guerra por esses territórios na qual morreram 649 soldados argentinos, 255 soldados britânicos e três locais, e que terminou com a vitória das forças britânicas.
Recentemente, a Argentina denunciou que, de acordo com documentos desclassificados, durante esse conflito as forças britânicas implantaram 31 dispositivos nucleares ofensivos, uma versão que não foi confirmada pelo governo em Londres.
No caso da UE, os acordos alcançados com o Reino Unido e que regem a relação comercial após o Brexit já não se aplicam aos Territórios Ultramarinos Britânicos, incluindo as ilhas Malvinas.
No domingo, a secretária de Relações Exteriores do Reino Unido, Liz Truss, reafirmou no Twitter que Londres rejeita “qualquer questionamento da soberania das Falklands”.