Três finais consecutivas perdidas, escândalos, a morte de Julio Grondona, uma saída em falso. Os problemas da Argentina na Rússia não surgiram do nada, são a conclusão de quatro anos à deriva que nem o talento de Lionel Messi podem esconder.

Veja a seguir os sete fatos mais importantes que levaram a Argentina a estar a um passo de dizer adeus à Rússia.

– Brasil-2014, o começo do fim –

A Argentina chegou à final da Copa do Mundo no Brasil liderada por Lionel Messi, posteriormente escolhido o melhor jogador do torneio. O sonho de ganhar o título 28 anos após o último, no México em 1986, era grande: Messi podia se igualar a Diego Maradona e a Argentina recuperar o cetro do futebol mundial. Mas um gol do alemão Mario Götze na prorrogação transformou o sonho em pesadelo. Desde então, ainda não conseguiram acordar.

– Adeus a Grondona, olá aos problemas institucionais –

Em 30 de julho de 2014 faleceu Julio Grondona, autoridade máxima da Associação de Futebol da Argentina (AFA) e uma das personalidades mais influentes do futebol sul-americano. Presidente da AFA desde 1979, também ocupava a vice-presidência da Fifa. Com sua morte, o organismo entrou em uma profunda crise, com muitas disputas internas e uma enorme instabilidade.

– FifaGate atinge a Argentina –

Em 28 de maio de 2015, o escândalo da Fifa chegou à Argentina: a Justiça americana pediu a extradição de três empresários desse país, entre eles Alejandro Burzaco, próximo a Grondona e diretor da empresa de marketing esportivo “Torneos y Competencias”. Mais tarde, revelaram que sua sociedade participou do pagamento de milhões de dólares em subornos a vários responsáveis da Conmebol.

Em 23 de junho de 2016, o novo presidente da AFA, Luis Segura, outros seis dirigentes da federação, e três membros do governo argentino, foram levados à Justiça por uma investigação sobre a atribuição de direitos de transmissão das partidas de futebol, “Futebol para todos”, a cargo do governo.

“Que desastre são os da AFA, por Deus!!!!”, publicou Messi pouco depois em sua conta no Instagram. “Gostaria que a AFA fosse o que a seleção argentina precisa, que é uma potência mundial que necessita ter o melhor (…) Chega um momento que se deve mudar e fazer bem as coisas”, disse sobre o organismo, que sofreu uma intervenção pela Fifa.

– Três seguidas –

Após perder a final no Brasil em 2014, a Argentina chegou à final da Copa América do Chile em 2015 com a intenção de levantar a taça que lhe escapa desde 1993. Mas, voltou a cair, desta vez contra a seleção da casa, nos pênaltis (0-0, 1-4). Somente Messi conseguiu marcar. A ‘Roja’ da América do Sul levantou o primeiro troféu de sua história… com Jorge Sampaoli como treinador.

Apenas alguns meses depois, participaram da Copa América Centenário. Novamente, na final, a Argentina perdeu para o Chile. E nos pênaltis (0-0, 2-4). Messi disse que não jogaria mais pela seleção.

– Um adeus que não foi –

“Já deu. Para mim acaba aqui a seleção. Já tentei muito, me dói mais do que ninguém não poder ser campeão com a Argentina, mas é assim, não seu e infelizmente vou embora sem conseguir”, comentou Messi, abatido após a final, que anunciava assim a sua saída da seleção depois de errar seu pênalti na disputa com o Chile.

Algumas semanas depois, “La Pulga” voltou atrás em sua decisão.

“Vejo que existem muitos problemas no futebol argentino e não pretendo criar mais um. Não quero causar nenhum dano, sempre quis o contrário, ajudar em tudo o que puder. É necessário arrumar muitas coisas de nosso futebol argentino, mas prefiro fazê-lo de dentro e não criticando de fora. Passaram muitas coisas pela minha cabeça no dia da última final e pensei seriamente em deixá-lo, mas amo demais o meu país e essa camisa”, assinalou em comunicado após a demissão de Gerardo Martino como treinador e a confirmação de Edgardo Bauza como seu substituto.

– Chega Sampaoli, mas não os resultados –

Em 28 de abril de 2017, Jorge Sampaoli assumiu o comando da seleção quase como um salvador. Com o título da Copa América com o Chile como o seu melhor aval, o então técnico do Sevilla sucedeu Bauza com o objetivo de classificar a Argentina para a Rússia-2018, o que estava em dúvida pelos maus resultados das eliminatórias.

A equipe precisou de uma atuação história de Lionel Messi na última partida contra o Equador, em Quito. O camisa 10 marcou os três gols da vitória de 3-1 que carimbou o passaporte do país para a Copa do Mundo.

Mas nem o jogo nem os resultados com Sampaoli foram os esperados. A Nigéria venceu os sul-americanos (4-2) em um amistoso no fim de 2017 e a Espanha, em 27 de março de 2018, goleou os argentinos por 6-1, o que provocou um alerta. Messi não disputou a partida.

– Rússia-2018: crônica de uma morte anunciada? –

Apesar de tudo, a Argentina aterrissou na Rússia como favorita após uma preparação atípica, com somente um amistoso contra o Haiti (4-0). A falta de partidas de preparação pesou na estreia da alviceleste, como reconheceu Sergio Agüero depois do decepcionante empate contra a Islândia (1-1).

A tragédia aconteceu dias depois. Com a necessidade de ter um bom resultado e deixar uma melhor impressão, a Argentina foi humilhada pela Croácia (0-3), o que deixou a seleção a um passo de dar adeus à Rússia na fase de grupos.

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