O presidente da General Motors para América do Sul, Barry Engle, afirmou nesta quarta-feira, 18, que a Argentina pode ser um bom exemplo para o Brasil. “Estamos vendo (na Argentina) uma indústria que está crescendo e consumidores com muito mais confiança, e é por isso que tenho tanta esperança no Brasil: o que aconteceu lá pode acontecer aqui, que é um país maior, com mais recursos e mais indústria”, disse o executivo, antes de palestra em um escritório de advocacia em São Paulo.

Engle, que se diz impressionado com a “rapidez” das ações do governo argentino, lembrou que, na semana passada, a GM anunciou no país vizinho um investimento de US$ 742 milhões para a produção de uma nova versão do modelo Cruise, que deverá ser exportado para o Brasil. “Temos muita esperança e otimismo com a Argentina”, afirmou o executivo.

Engle negou, no entanto, que a chegada de Michel Temer ao comando do governo brasileiro, no lugar da presidente afastada Dilma Rousseff, represente o anúncio de investimentos no Brasil. “O momento ainda é de alguma incerteza”, justificou. Segundo ele, o mais adequado, neste momento, é aguardar. Por isso, não deverá anunciar nem cortar investimentos, mas sim manter o que já foi anunciado. O atual plano de investimento da GM para o Brasil é de R$ 13 bilhões para o período entre 2014 e 2019.

Apesar da cautela, o presidente da montadora na América do Sul afirmou que acredita no potencial do mercado brasileiro. “Vejo o Brasil como uma oportunidade para crescer a longo prazo”, disse. Reconheceu que o momento é até bom para empresas estrangeiras que planejam entrar no País. “O custo está baixo”, explicou. Reclamou, no entanto, da instabilidade das regras para operar negócios no Brasil. “As regras mudam sempre, estamos sempre tentando entendê-las”, disse.

Na visão de Engle, quem deseja investir na indústria automobilística do Brasil também precisa estar preparado para a volatilidade. A venda de veículos no País, depois de experimentar quase uma década de crescimento ininterrupto, entre 2004 e 2012, agora amarga três anos seguidos de queda. O tombo do ano passado, de 26,5%, para 2,569 milhões de veículos, foi o mais intenso em 27 anos. Para este ano, Engle espera nova queda, para algo em torno de 2 milhões.

A estimativa, ele disse, já foi pior. No início do ano, a GM apostava em um mercado de 2,2 milhões de unidades ao fim de 2016. “Mas o consumidor brasileiro teve algumas distrações nos meses de março e abril”, afirmou o executivo, em referência à instabilidade política deste período, marcado pela votação do impeachment de Dilma Rousseff na Câmara e pela nomeação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para a Casa Civil.

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O executivo minimizou a possibilidade de driblar a fraqueza do mercado interno por meio das exportações. “Exportação é uma oportunidade, mas é complicado. Agora, com o câmbio depreciado, dá para exportar. Mas, quando a situação melhorar e tivermos uma moeda mais forte, não seremos competitivos. Um carro demora vários anos para ser desenvolvido, é um projeto que não se pode começar e parar”, lamentou.


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