Detesto rótulos. E de qualquer espécie. Principalmente os indevidos, ou dados ao acaso, como a alcunha “ultra liberal” ao doidão que conversa com cães mortos, o presidente recém-eleito da Argentina, Javier Milei.

O cabeludo pode ser tudo, menos liberal – ultra ou não! E sua recente ameaça (plebiscitos) comprova que é apenas mais um autoritário errático, afinal, o instrumento é utilizado com fartura por ditadores e autocratas mundo afora.

Aliás, as esquerdas brasileiras são defensoras do que chamam “democracia direta”. Eu, particularmente, chamo de “bypass” no Congresso, este sim, bem ou mal, o verdadeiro representante da expressão popular.

Milei está bravo com a possibilidade de o congresso argentino rejeitar boa parte de seus projetos, por isso a ameaça plebiscitária. Ora, o povo já optou, ao lado do próprio presidente eleito, pelo sistema presidencialista.

Formar maioria parlamentar e aprovar leis faz parte da política e da democracia. Burlar o sistema deforma o próprio sistema, entendem? Tiranos em todo o mundo costumam usar a democracia para solapar a própria democracia.

Erdogan, Maduro, Ortega… Putin! Todos mudam, de acordo com suas conveniências, as estruturas institucionais de Estado, inclusive, o formato do que chamam “democracia”. Ora seus parlamentos servem, ora não, e a consulta popular assume ares de ameaça.

A frase “nada está tão ruim que não possa piorar” vem sendo superada a cada semana por nuestros hermanos. Fã que sou da Argentina, sinto muito por tudo, até porque, como um de nossos principais parceiros comerciais, torço para que saia do buraco o quanto antes.