Argentina de Milei ratifica saída da OMS

Argentina de Milei ratifica saída da OMS

"JavierConfirmação veio durante visita do americano RFK Jr. a Buenos Aires. Secretário de Saúde dos EUA havia instado outros países a seguirem exemplo do governo Trump e abandonarem a Organização Mundial de Saúde.O governo do presidente Javier Milei ratificou na segunda-feira (26/05) a decisão de retirar a Argentina da Organização Mundial da Saúde (OMS), órgão das Nações Unidas que reúne quase 200 países. O anúncio foi feito durante uma visita oficial a Buenos Aires do secretário de Saúde dos Estados Unidos, Robert F. Kennedy Jr., cujo país também deixou a OMS no começo do ano.

RFK Jr., que é conhecido em círculos de direita por propagar visões conspiracionistas sobre vacinas, foi recebido pelo ministro da Saúde da Argentina, Mario Lugones, que disse em uma mensagem nas redes sociais que os dois definiram uma "agenda de trabalho comum".

"Acreditamos no futuro da colaboração em saúde global. Temos visões semelhantes sobre a direção a seguir, por isso vamos aprofundar o trabalho conjunto entre os dois países", afirmou Lugones.

Após a reunião, o Ministério da Saúde da Argentina anunciou em um comunicado uma "série de medidas que reafirmam o rumo da saúde adotado pelo país sul-americano".

Exemplo dos EUA de Trump

Entre essas medidas está a ratificação da decisão da Argentina – anunciada originalmente em fevereiro – de sair da OMS. O país fazia parte da OMS desde a fundação da organização, em 1948.

"Hoje, as evidências indicam que as prescrições da OMS não funcionam porque não se baseiam na ciência, mas em interesses políticos e estruturas burocráticas que relutam em rever seus próprios erros. Longe de corrigir o rumo, a OMS optou por ampliar competências que não lhe correspondem e condicionar a soberania sanitária dos países", disse o Ministério da Saúde argentino.

O governo do presidente Javier Milei argumentou que, "diante disso, é urgente que a comunidade internacional repense o significado das organizações supranacionais".

"Se elas são financiadas por todos, devem prestar contas, cumprir os propósitos para os quais foram criadas, e não se tornar plataformas de imposição política sobre os estados-membros", acrescentou o texto.

Na semana passada, RFK Jr. chamou a OMS de organização "moribunda" e instou outros países a seguirem o exemplo dos EUA e da Argentina em abandonar o órgão das Nações Unidas.

Milei anunciou em fevereiro a intenção de retirar a Argentina da OMS, apenas duas semanas depois de o presidente dos EUA, Donald Trump, assinar uma ordem executiva para também retirar seu país do mesmo órgão.

Em junho de 2024, a Argentina já havia se recusado a aderir a um novo protocolo sobre pandemias estabelecido pela OMS, sinalizando sua intenção de se retirar da organização.

Após a reunião com RFK Jr., o ministro Lugones anunciou que a Argentina "se concentrará nos processos de fabricação, aprovação e supervisão de vacinas, com o objetivo de garantir que as decisões de saúde sejam baseadas em evidências públicas, verificáveis e com controles eficazes".

"Revisar não é negar: é exigir mais evidências, não menos", argumentou o governo argentino.

O Ministério da Saúde também anunciou que uma revisão estrutural do sistema nacional de saúde será aprofundada e que buscará restringir o uso de aditivos sintéticos potencialmente arriscados em produtos alimentícios – tema que, assim como as vacinas, é caro a RFK Jr.

Além disso, o uso de autorizações rápidas para medicamentos de alto custo, especialmente aqueles para crianças e doenças raras, será revisado.

jps/ra (EFE, Reuters)