Argentina cobra Brasil por permitir voos às Malvinas

O governo da Argentina mostrou “preocupação” por seis voos realizados no ano passado por um avião britânico às ilhas Malvinas, chamadas pelo Reino Unido de Falkland, que fizeram durante o seu percurso uma parada em aeroportos brasileiros. Nesta quarta-feira, dia 1º, a administração argentina cobrou o Brasil pelo seis pousos em solo brasileiro do avião britânico Real Força Aérea, que depois teve como destino a base aérea de Monte Agradable, localizado no arquipélago.

Segundo os argentinos, que reivindicam a soberania das ilhas mesmo que o território pertença oficialmente ao Reino Unido,  outros 12 voos semelhantes já haviam sido detectados em 2015. A permanência da soberania britânica sobra as ilhas foi definida em uma guerra no local em 1982.

De acordo com o ministério de Relações Exteriores argentino, os voos aconteceram mesmo com o “compromisso brasileiro de não receber em seus aeroportos e portos, aeronaves ou navios britânicos de guerra deslocados aos arquipélagos sob disputa”. Sobre o assunto, a Embaixada argentina no Brasil deve pedir explicações ao Itamaraty, que reiterou o apoio ao país na questão das Malvinas.

Já a Embaixada brasileira em Buenos Aires e outras fontes da área diplomática brasileira disseram que investigarão o caso, mas que os voos deveriam ser de caráter humanitário, emergencial ou logístico.

Os chanceleres de Brasil e Argentina, José Serra e Susana Malcorra, em Brasília, no dia 8 de dezembro de 2016 - AFP

Os chanceleres de Brasil e Argentina, José Serra e Susana Malcorra, em Brasília, no dia 8 de dezembro de 2016 – AFP

Macri e Avianca.
Em outro assunto, a Justiça vai investigar o presidente da Argentina, Mauricio Macri, e funcionários de seu governo por supostas irregularidades na concessão de rotas aéreas à empresa Avianca. A decisão foi comunicada nesta quarta pelo promotor, horas antes de Macri comparecer perante o Congresso para fazer um balanço de seu primeiro ano no poder. Segundo o promotor Jorge di Lello, a empresa aérea colombiana teria sido favorecida porque tinha vínculos com o grupo chefiado pelo empresário Franco Macri, pai do presidente.

No discurso, Macri prometeu medidas para combater a corrupção e garantir a transparência na concessão de obras publicas. Entre elas, um projeto de lei de “responsabilidade empresarial” e decretos, estabelecendo mecanismos claros para separar os interesses públicos dos privados. O presidente, que assumiu em dezembro de 2015 com a promessa de um governo “transparente”, já foi acusado pela Justiça de beneficiar a empresa Correo Argentino – que pertencia ao seu pai e tem uma divida com o Estado.

Franco Macri obteve a concessão para administrar a empresa de correio em 1997, mas ela foi revogada em 2003, quando a empresa, endividada, voltou às mãos do Estado. A Justiça estima que a divida do Correo Argentino com o Estado some 300 milhões de pesos (US$ 19 bilhões). Nunca houve acordo entre as duas partes para renegociar o débito até que, em 2016, o governo aceitou a proposta feita pela Sociedade Macri (Socma), de Franco Macri.

Acusado de ter negociado uma proposta demasiadamente generosa, que perdoaria boa parte da dívida, Mauricio Macri voltou atrás.

O governo, no entanto, insiste que o acordo permitia ao Estado resolver um conflito e arrecadar dinheiro.