Argentina, Chile, Paraguai e Uruguai lançaram nesta terça-feira sua candidatura conjunta para sediar a Copa do Mundo de 2030, a primeira compartilhada entre quatro países.

“Estamos neste lugar emblemático onde a história começou”, disse o presidente da Conmebol, Alejandro Domínguez, ao oficializar a candidatura durante uma coletiva de imprensa no estádio Centenário de Montevidéu, onde o Uruguai derrotou a Argentina por 4 a 2 na final de 1930 e se tornou o primeiro campeão do mundo.

Ao lado de autoridades do esporte dos quatro países postulantes, Domínguez garantiu que “este não é o projeto de um governo, mas o sonho de um continente”.

“Vai haver mais Copas, mas 100 anos vão ser comemorados uma única vez”, destacou.

Na mesma linha, o presidente da Associação Uruguaia de Futebol (AUF), Ignacio Alonso, lembrou que a ideia de um Mundial “foi pensada, analizada e colocada em prática aqui no Uruguai há quase 100 anos” e “se tornou a festa máxima do esporte mundial”.

Por isso, “é justo organizar a Copa do Mundo de 2030 no lugar onde tudo começou, onde estiveram a garra, a coragem, a inteligência e o esforço” para consegui-lo.

Assine nossa newsletter:

Inscreva-se nas nossas newsletters e receba as principais notícias do dia em seu e-mail

No entanto, Domínguez reconheceu que o argumento simbólico deve ser acompanhado de um projeto concreto. “Não podemos apenas recorrer ao sentimentalismo, temos que fazer nossa parte e estar em condições”.

Nesse sentido, o ministro do Esporte do Uruguai, Sebastián Bauzá, indicou que em maio de 2023 os quatro países apresentarão o projeto à Fifa, que deverá definir a sede em 2024.

“Temos que criar uma Copa do Mundo sustentável que deixe um legado para esses quatro países”, disse Bauza. “Já temos vários bancos internacionais que querem ajudar que se faça justiça e que a Copa do Mundo aconteça aqui”, disse ele.

Bauzá informou ainda que estão trabalhando para que haja 14 estádios disponíveis, lembrando que em 2030 serão 48 seleções participantes.

Com esse número de seleções, “é mais difícil e caro para um país apresentar uma candidatura sozinho”, disse Dominguez. “Uma candidatura conjunta reduz o nível de investimento necessário”, acrescentou, sem detalhar números.

Além dos que tomaram a palavra, estiveram presentes na conferência os presidentes das federações do Paraguai e Chile, Roberto Harrison e Pablo Milad, assim como o vice-presidente da Associação Argentina de Futebol, Rodolfo D’Onofrio.

Também participaram o secretário da Conmebol Nery Pumpido e os ministros do Esporte Matías Lammens (Argentina), Diego Galeano (Paraguai) e Alexandra Benado (Chile).

O desejo de trazer a Copa de volta à América do Sul vem de longa data e começou a ser desenhado entre Uruguai e Argentina.

Em 2017, antes de um jogo entre as seleções pelas Eliminatórias, Luis Suárez e Lionel Messi posaram juntos com números em suas camisas que formavam 2030, dando o pontapé inicial para uma campanha que depois agregou Chile e Paraguai.

Já neste ano, em meados de junho, após presidir uma reunião entre representantes dos quatro países em Assunção para formar uma mesa de trabalho, o vice-presidente do Paraguai, Hugo Velázquez, indicou que o objetivo é “recorrer à história e, sobretudo, a o que o futebol representa para esta parte do continente”.

Domínguez também enfatizou o mesmo ponto: “Ao completar 100 anos, a Copa do Mundo deve voltar a sua casa original, a América do Sul”, tuitou então o presidente da Conmebol.


– Forte rival –

Espanha e Portugal, em conjunto, são por enquanto a única candidatura rival, após se postularem em junho de 2021. Marrocos, que a princípio iria se unir aos países ibéricos, pode se candidatar sozinho, mas ainda não o fez oficialmente.

Da mesma forma, Reino Unido e Irlanda desistiram em fevereiro da ideia de outra candidatura conjunta para o Mundial de 2030 e voltaram suas atenções para a Eurocopa de 2028.

Em outubro de 2021, o governo de Israel informou que o presidente da Fifa, Gianni Infantino, lançou a ideia de que o país pode organizar o Mundial de 2030 com outros países da região liderados pelos Emirados Árabes Unidos.

Até agora, a maioria das Copas aconteceu na Europa. Antes do Mundial de 2014, no Brasil, a última edição na América do Sul tinha sido em 1978, na Argentina.

A Copa do Mundo de 2026 será organizada por Estados Unidos, México e Canadá, a primeira vez com três países em conjunto.

gv/ol/cb/aam


Siga a IstoÉ no Google News e receba alertas sobre as principais notícias