O governo da Argentina recomprará títulos públicos avaliados em cerca de 1 bilhão de dólares com o objetivo de melhorar o perfil da dívida soberana, anunciou o ministro da Economia, Sergio Massa, nesta quarta-feira (18).

“Vimos [em 2022] uma queda de 1.000 pontos do risco país. Isso representa uma janela de oportunidade. Por isso tomamos a decisão de levar adiante um processo de recompra da dívida de mais de 1 bilhão de dólares”, disse Massa em um vídeo curto difundido aos meios de comunicação.

O mercado reagiu positivamente ao anúncio, com aumentos de 11% a 12,6% no preço dos títulos da dívida globais, entre eles os com vencimento em 2029 e 2030.

Massa explicou que o objetivo do plano é “seguir melhorando o perfil da dívida e seguir reduzindo o risco país”, situado em 1.884 pontos básicos segundo estimativa do JP Morgan, que serve de referência aos investidores.

Um ambiente de incerteza reina no mercado devido a um aumento sustentado do valor do dólar paralelo (ilegal ou conhecido como ‘blue’) pelo aumento da demanda por parte dos turistas.

“A temporada de férias está gerando pressão de alta. Muitos argentinos que decidem viajar ao exterior vão comprar dólares ‘blue’ porque têm acesso bastante restrito na taxa de câmbio oficial e na bolsa”, disse o analista Lucio Garay Méndez, de Eco Go Lucio, ao site especializado Ámbito, mencionando três dos muitos tipos de câmbio existentes na Argentina.

A taxa de câmbio oficial nesta quarta-feira estava em 189,74 pesos por dólar (+0,12%), segundo o programa de pequenas desvalorizações diárias do Banco Central, conhecido como ‘crawling peg’.

Depois do anúncio de Massa, o valor do dólar ‘blue’ caiu para 374 pesos (-1,06%), após oito dias de aumentos consecutivos.

A maioria dos títulos que serão recomprados foi emitida no contexto da restruturação da dívida com credores privados por 66 bilhões de dólares em 2020.

Em 2022, a Argentina conseguiu outro refinanciamento da dívida com o Fundo Monetário Internacional (FMI), por 44 bilhões de dólares.

Segundo as previsões o FMI, a economia argentina teria crescido 4% no ano passado, mas a inflação continua fora de controle com um nível de quase 95% no varejo em 2022.