A Argélia anunciou, nesta segunda-feira (18), que seu embaixador em Madri voltaria ao seu cargo com a condição de que o governo espanhol forneça “esclaracimentos prévios” sobre sua mudança de postura a favor da posição marroquina na questão do Saara Ocidental.

Marrocos e os separatistas saharauis da Frente Polisário, apoiados pela Argélia, se enfrentam há décadas em um conflito por esta vasta área desértica, considerada “território não autônomo” pela ONU.

Marrocos, que controla quase 80% do Saara Ocidental, propõe um plano de autonomia sob sua soberania, enquanto a Frente Polisário pede um referendo de autodeterminação, previsto pela ONU quando foi estabelecido um cessar-fogo em 1991, mas que nunca se concretizou.

“O retorno do embaixador argelino a Madri será decidido soberanamente pelas autoridades argelinas em meio a esclarecimentos prévios e francos”, declarou Amar Belani, enviado especial encarregado da questão do Saara Ocidental no Ministério das Relações Exteriores argelino, citado pela agência APS.

Segundo Belani, esses “esclarecimentos” são necessários para “reconstruir uma confiança gravemente danificada com base em princípios claros e previsíveis e de acordo com o direito internacional”. Não é uma “raiva temporária”, acrescentou.

Essas declarações acompanham as do presidente do Governo espanhol, Pedro Sánchez, que disse nesta segunda-feira a uma televisão espanhola que esperava poder resolver este problema diplomático em um “breve espaço de tempo” para que seu país possa manter uma relação “positiva e estratégica” com Marrocos e Argélia.

Segundo Belani, são “palavras desconcertantemente leves” para “se isentar da grande responsabilidade pessoal de adotar esta surpreendente virada na questão do Saara Ocidental, que rompe com a tradicional posição de equilíbrio da Espanha”.

Até agora neutro, Sánchez anunciou publicamente em 18 de março seu apoio ao plano de autonomia marroquino, que considera agora “a base mais séria, realista e credível” para a resolução deste conflito sobre o Saara Ocidental.